Agora é só esperar que chegue o Natal.
Na SIC Notícias vi, há pouco, aquela nervosinha e activa bloquista militante chamada Ana Drago - que, possivelmente pela tenra idade e notório frémito de mostrar a frontalidade e a acutilância do mentor Louçã, parece decorar todas as críticas que lança e todas as frases que debita (todos os fazem, claro, mas em geral nota-se menos) - palrar incessantemente num vis-a-vis com a Helena Lopes da Costa, a santanette senior, que só conseguiu, no meio do chilreio da adversária, iniciar frases soltas. Tudo isto perante Mário Crespo, aquele intemporal e omnipresente jornalista do dentinho traiçoeiro.Com o discurso de ontem, Santana Lopes conseguiu pelo menos uma coisa: confundiu a esquerda e deixou-a à deriva. Ao dedicar (quase) todo o discurso à descida dos impostos, ao aumento dos funcionários públicos e ao pedido implícito de desculpas sobre a bandalheira da colocação dos professores, inverteu, a seu favor, o jogo do gato e do rato. A esquerda não pode, pois, deixar de acolher positivamente tais medidas. Assim, a rapariguinha bloquista lá tratou de apontar o dedo, ainda que sem apreciável convicção, àquilo que, à falta de melhor argumento, podia apontar a mira: há três semanas, Bagão Félix disse o contrário!
Mas não disse, na verdade. Foi, isso sim, mais contido (ou menos exuberante, mas ele não é glamoroso como os nossos ex-presidentes de câmara). Santana Lopes, desta vez ineditamente cauteloso, começou por onde Bagão Félix tinha acabado e passou uma providencial esponja sobre os desgovernos em que, no durante, se foi espalhando sem que tivesse sido, sequer, necessário que o opinion leader dominical abrisse a boca.
Pressente-se, agora, um vago sabor de calmaria depois da tempestade. O que é curioso é que, se a estabilidade foi retomada, quem a retomou foi quem estava no epicentro do furacão - porque, como tem sido habitual, nada mais de notório tinha acontecido nesse sentido até agora e, desconfio muito, nunca viria a acontecer. Com excepção do chilreio, claro.
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