Revoltado...
Hoje, depois de terminada mais uma aula, em conversa com uma Auxiliar de Acção Educativa procurei saber como estavam a correr os estudos à filha mais nova. Aluna cumpridora e aplicada enquanto lhe leccionei Educação Física no 8º e no 9º ano, há algum tempo atrás. O sorriso estampou-se no rosto da mãe, tendo-me respondido com um brilhozinho nos olhos: “Está bem Sr. Professor. Está no 12º ano e não perdeu nenhum. Muito bem mesmo”. Alegro-me que assim seja, disse-lhe eu.
A conversa continuou. Disse-lhe que a turma da filha tinha sido especial para mim. E foi, sem dúvida!
Nessa turma havia um miúdo fantástico. André de seu nome. Um aluno, com Paralisia Cerebral, que teve treze amigos unidos à sua volta, tornando-o mais feliz do que nunca. Amigo de todos e sempre risonho, à sua maneira, acompanhava-me para todo o lado quando não tinha aulas. Por brincadeira eu dizia “André, tu és o meu braço direito… és o melhor adjunto que qualquer treinador pode ter”. E ele ria-se. Uma vez dou com todos a rir perto do bar da escola. O André acenou e aproximei-me… Ao ouvido disse-me: “Professor… diga aquilo do treinador!”. Percebi-o logo e disse o que ele queria ouvir. Enquanto o fazia ele sorria, olhando para os outros, e dizia “Eu não disse? Eu não disse?”.
Era puro, e com dezoito anos acabou o 9º ano tendo saído da escola. Lembro-me de o ver chorar quando se despediu de mim.
Tentei saber o que era feito dele, mas ninguém sabia. O número de telefone dos pais não funcionava e eu pensei que talvez não ouvisse mais falar dele. Mas ouvi. A mesma Auxiliar, que antes tinha visto com um sorriso estampado no rosto, disse-me, com ar triste, que ele está a “morar” numa associação. “Sabe como é Sr. Professor… ele não tinha com quem ficar”. Fez uma pausa e prosseguiu... “Mas o pior Sr. Professor é que os agricultores quando precisam de alguém para trabalhos de época vão lá buscá-los… e pagam alguma coisita para os levar…”
Sinto-me profundamente revoltado!
A conversa continuou. Disse-lhe que a turma da filha tinha sido especial para mim. E foi, sem dúvida!
Nessa turma havia um miúdo fantástico. André de seu nome. Um aluno, com Paralisia Cerebral, que teve treze amigos unidos à sua volta, tornando-o mais feliz do que nunca. Amigo de todos e sempre risonho, à sua maneira, acompanhava-me para todo o lado quando não tinha aulas. Por brincadeira eu dizia “André, tu és o meu braço direito… és o melhor adjunto que qualquer treinador pode ter”. E ele ria-se. Uma vez dou com todos a rir perto do bar da escola. O André acenou e aproximei-me… Ao ouvido disse-me: “Professor… diga aquilo do treinador!”. Percebi-o logo e disse o que ele queria ouvir. Enquanto o fazia ele sorria, olhando para os outros, e dizia “Eu não disse? Eu não disse?”.
Era puro, e com dezoito anos acabou o 9º ano tendo saído da escola. Lembro-me de o ver chorar quando se despediu de mim.
Tentei saber o que era feito dele, mas ninguém sabia. O número de telefone dos pais não funcionava e eu pensei que talvez não ouvisse mais falar dele. Mas ouvi. A mesma Auxiliar, que antes tinha visto com um sorriso estampado no rosto, disse-me, com ar triste, que ele está a “morar” numa associação. “Sabe como é Sr. Professor… ele não tinha com quem ficar”. Fez uma pausa e prosseguiu... “Mas o pior Sr. Professor é que os agricultores quando precisam de alguém para trabalhos de época vão lá buscá-los… e pagam alguma coisita para os levar…”
Sinto-me profundamente revoltado!
posted by stkaneko @ 11:46 da tarde
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