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5.10.04

A pele do lobo

No Aviz comenta-se a notícia do regulamento interno de uma escola em Colares que impede os alunos(as, claro) de usar mini-saias, calções e decotes, além de outras poucas-vergonhas. Antes de mais, devo dizer que defendo muita e abundante disciplina na escola, seja em crianças seja em adolescentes que, por força da excessiva energia, no caso das primeiras, e dos hormonais desequilíbrios, no caso dos segundos, precisam de regras rígidas como do pão para a boca. Falo, sobretudo, de horários, métodos de estudo e regras de comportamento e de convivência social. É até ao final da adolescência que se domina a dimensão selvagem com que se nasce, essa incompletude essencial de que, quando se mantém incompleta, é possível encontrar exemplares vivos, não em permanência, mas pelo menos nas atitudes aparentes - basta pensar nas peregrinações à aldeia da Figueira.

Essa disciplina, bendita, necessária, desejável, nada tem, contudo, a ver com aquele insólito (não tanto, lamentavelmente...) regulamento. E eu falo nisto aqui porque as indagações do Francisco sobre o tema são curiosas. Honestas, mas curiosas: "É certo que seria ridículo vestir a rapaziada de sargentos da GNR, mas ter em cada adolescente uma Lara Croft (está bem, uma Eva Mendes) pode ser um impedimento para falar de Camões ou da química dos elementos."

Pode ser um impedimento? Pois pode. O problema, porém, continua a ser do professor - nunca dos umbigos das alunas. As rapariguinhas, essas, deverão continuar a pôr mini-saias e umbigos de fora sempre que lhes apetecer, ainda que isso acorde a líbido de quem só é o seu professor. Mestre marialva, se calhar, mas, ainda assim, apenas o seu professor.

Curioso é que elas, na maior parte das vezes, nem se dão conta do "impedimento" que causam. Ora, sendo assim, isto chega a ser um problema? Evidentemente que não. A não ser quando o mestre proíbe, por regulamento, a divulgação dos umbigos, das coxas e dos colos, apenas para eliminar o risco que nasce nas suas próprias fraquezas. Vai-te, ó tentação do demónio.

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