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27.9.04

Pós-socrático

Tenho andado a tentar convencer-me da existência de virtudes políticas no Sócrates, sobretudo por causa do intrigante impacto que tem causado na direita e na capacidade que todos - não apenas a direita - lhe encontram em ser a melhor alternativa à coligação. Tem sido difícil; eu queria, queria mesmo, acreditar que o Sócrates conhece e sabe fazer todas as habilidades que um político ambicioso faz. E nem pedia mais do que isso, porque se fosse pedir, pedia muito mais. Mas depois dou comigo a pasmar perante o denunciado primarismo do discurso, ensaiadíssimo, estudado, lido e relido depois de escrito pelo Jorge Coelho ou pelo António Costa, noto-lhe a ambição desmedida de self-made-man (mas, afinal, sem obra feita) e o novo-riquismo bacoco das referências culturais deslocadas e pronto, não consigo. A expressão facial não ajuda nada, em boa verdade: um olhar apatetado e um lábio inferior descaído fazem presumir pouco engenho. E não me esqueço de que, na entrevista que em Agosto deu ao Expresso, não resistiu à confrangedora legitimação última de referir que está a fazer um mestrado. "Vocês podem não acreditar, mas é verdade", disse.

Bem fez o Carlos Menem, que escolheu o Sócrates certo - o clássico. Tanto, que dizia ter lido toda a sua obra...

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