À lolita ...
I - sobre Salazar - Eu não me lembro do António Ferro, mas não tenho mais contra ele do que tenho contra qualquer "assessor de imagem" "assessor para a comunicação social" e quejandos que por aí polulam às centenas e pagos pelo erário público; É fácil chamar "débil, pusilânime e medroso" ao Salazar como é fácil chamar isso a qualquer outro político que tenha tido a responsabilidade de governar. É só arranjar o discurso certo e aplicar as frases dentro do contexto adequado às críticas que fazemos à respectiva governação. Mantenho dele a opinião de que era de superior craveira intelectual e política e, em qualquer caso, sempre superior à de todos os políticos seus contemporâneos. Aliás, atribuir-lhe ou não determinados atributos pessoais por causa da censura e de todos os demais elementos que caracterizam o seu regime como autoritário é uma falsa questão. Porque o que está em causa é a concepção política que ele tinha, que pôs em vigor e impôs. E dessa discordas tu e discordo eu. Mas isso são contas de outro rosário. Até porque, se nalgumas coisas estaremos de acordo, noutras estaremos em profundo desacordo.II - Sobre a direita e a esquerda - Sabes porque é que eu ressuscito velhas discussões sobre regimes que já não existem? Porque estou até hoje sem perceber se o horror do comunismo é percebido como tal. E desconfio que não. Mais, desconfio que aqueles que acham o Che Guevara um herói ainda não perceberam que - tivesse ele sobrevivido - seria hoje um tirano; E desconfio mais: Que o Fidel, apesar de ser o ditador de um país em que se fuzilam presos políticos, se impõe a censura, e a que faltam as mais elementares liberdades, não é propriamente olhado como "débil, pusilânime e medroso". Às tantas, continua a ser admirado. às tantas, a culpa de ele fuzilar gente nem é dele. Se calhar até manda fuzilar a contra-gosto, coitado.
Quanto aos debates sobre a ingerência do Estado na sociedade e na economia, sobre as liberdades e seus limites, sobre protecção social, etc., acho exactamente que quando andamos todos em águas mornas é que a única coisa que falta discutir é a gestão de poleiros. E por isso, quando discutimos essas coisas devemos aprofundar. E chegamos lá: às concepções fundamentais, logo, ideológicas.
III - Sobre a Deus, a Igreja e os Padres - Concordo que a Igreja é uma empresa humana. Aliás, não deve haver quem não concorde. A fé começa, exactamente, em acreditar, ou não, que essa empresa existe por inspiração divina. Nisso, acredita-se, ou não se acredita. Provas não há e pela razão apenas não se acreditará.
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