Eles e nós
1 - Começo por pedir desculpa. Em primeiro lugar aos meus companheiros de blogue, em segundo lugar aos senhores que calha irem lendo o que escrevo. Peço desculpa, porque tenho a impressão que ando a escrever demais e, sobretudo, demais sobre futebol, quase açambarcando este espaço democrático, comunitário e "caliente".Isto tem uma explicação simples e uma ainda mais simples. A explicação simples é que estou de férias. A explicação ainda mais simples é que estou de férias porque me apeteceu ver parte do Euro sossegado, ao contrário do que sempre me sucedeu em outros Europeus e Mundiais e, como compreenderão daí, sinto-me sempre um bocadinho "entre jogos"...
Para bem de todos (excepto de besugo), as férias de besugo serão curtas.
2 - À medida que a hora do jogo de hoje se aproxima tenho notado que me vão desabando, uma a uma, as "excelentes teorias tácticas" que tenho andado a ruminar. Aqui e em conversas de amigos. Já não sei nada, já quero o Rui Costa outra vez, continuo a querer o Deco, já não sei fazer "a equipa", "fazer equipas" até sei, "a equipa" é que não.
3 - Li, no Observador, uma coisa que me fez pensar: "Perder, aceita-se. É futebol. Para ganharem uns é preciso que outros percam. Jogar com medo, ansiedade e nervosismo, quando falamos de profissionais, isso, já é inaceitável." . Não concordo totalmente: é aceitável, entende-se; o que não é é desejável.
O medo, a ansiedade e o nervosismo não devem ter sido a única explicação para o desaire luso contra os gregos. Mas condicionaram, de facto (e de que maneira!), a prestação dum conjunto de jogadores que sempre provaram ser briosos e lutadores, por onde têm passado. Mesmo na Coreia, acredito eu.
Pela primeira vez, Portugal partiu para uma competição de futebol desta envergadura com os galões de favorito. Na Coreia havia grande expectativa, também, mas aí tratava-se dum Mundial, prova mais ampla e, sobretudo, muito longe. Agora não: estamos em casa, a Selecção sente o "bafo" do povo a pedir-lhe vitória, os olhos do povo a exigir-lhe grandeza, as bandeirinhas do povo a festejar-se (sim, a festejar-se...) e a Selecção, se calhar, a tanto pedir, a tanto exigir, a tanto festejar (ainda por cima com "-se"), não consegue responder senão com... "querer".
Eu sei que "querer é poder" , é uma bela regra, essa. Como há outras, aquela de Murphy, por exemplo, "o que puder correr mal, correrá" e ainda esta, de besugo, "uma grande emoção pode, algumas vezes, trair a capacidade e a objectividade dum profissional empenhado, ajudando-o a falhar". E mais esta, que é fraquinha, mas cá fica: "pode-se querer e não se poder" .
Faço um desafio amigável ao Observador: não venda, ainda, o seu bilhete para o Portugal - Espanha. Eu creio que aquele algumas vezes a "bold", no parágrafo de cima, não vai tolher-nos hoje. É questão de o crer (um calmo e detrminado crer)ajudar o querer, que este já há.
Vamos alinhar um bocadinho com o Altino Torres, esse "food-i-do", quando garante: "Torço por eles, pois"..
Ele tem razão: até porque, para valer a pena, "eles" temos de ser "nós".
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