Porque hoje é domingo
Fui ver os meus filhos a jogar andebol. São muito bons, dois pivots de relevo nos infantis e nos iniciados duma das equipas cá do burgo. Nenhum deles é o "craque" das respectivas equipas, mas ambos são excelentes companheiros e, muitas vezes, decisivos. Ambos virtuais vencedores do torneio de abertura do distrito de Vila Real. Encantadora criançada. Lá vão todos, com os pais de arrasto, dirimir as pequenas-grandes forças que têm, uns contra os outros, uns com os outros. Têm piada. Aceitam a pedagogia dos árbitros federados, os conselhos dos treinadores. E gostam de ter 100 pessoas a vê-los fazer força das fraquezas. Bom início de dia. Até o sol saiu, fugaz, do nevoeiro.Depois soube de fonte histérica que prenderam o Saddam, um vilão. E o meu dia estragou-se um pouco. Não pela prisão dum vilão, mas pela alegria alarve dos vilões que o prenderam. Pior do que um vilão é um alarve contentinho. Eu acho. Encontro potencial vileza em qualquer alarve sorridente de si. E sustento que um vilão potencial, envergonhado, é pior que um vilão assumido.
No fim do último jogo de andebol o Zé Pedro, que é o meu mais velho, perguntou-me: "É verdade que prenderam o Saddam? O Manel Pedro estava ali a dizer que sim.... ". Eu disse-lhe que sim, que o tinham apanhado. E o Zé Pedro, iniciado de andebol e da vida, disse-me assim: "Oxalá não o matem, que não o tratem mal, coitado...".
Compôs-me o dia. Nunca fui de fazer hinos de júbilo nas barbas maltratadas de nenhum homem derrotado. E revi-me no meu filho como nunca. Coitado dele.
São feitios.
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