blog caliente.

12.12.03

Curiosidades

Li há pouco uma frase qualquer sobre a rusticidade e o empirismo de que serei carente. Estes mimos, seguidos de um "bem hajam", lembraram-me uma cena desta semana, que me alembrou do rústico e empírico peixe que habita este blog. Bem haja.

Por razões absolutamente desinteressantes para a comunidade bloguística, fui forçado a estar com uma pessoa que mal conhecia cerca de meia hora, enquanto ambos esperávamos outrem. Nessas circunstâncias, a urbanidade, sobretudo a dos rústicos, obriga-nos a encetar o que vulgarmente se chama de "conversa de crcunstância".

As mais das vezes, começa-se pelo tempo, por comentários ao local físico em que nos encontramos, e de seguida tudo depende: pode ser um martírio, mas também pode ser um prazer.

Neste caso, foi verdadeiramente um prazer. O meu interlocutor era um homem de avançada idade, e essa idade conferia-lhe o "à vontade" que só têm pessoas de idade que vivem aparentemente contentes com o seu presente e com o seu passado, sem qualquer espécie de acabrunhamento "de velhotes". Um homem bem disposto, com um modo de falar franco e muito vivo, e com muito que contar de uma vida recheada de muito mais do que aquilo que eu ali fiquei a saber. Viveu, casou, teve filhos e trabalhou em Angola desde muito jovem, terra a que continuava evidentemente ligado - e para onde alguns dos filhos voltaram entretanto - fugiu, depois da independência ("fiquei até poder, acredite ... mas já não podia mais!") por caminhos inenarráveis para a África do Sul, onde não ficou muito tempo ("aquilo não tinha que ver comigo ...") e depois foi para Espanha, País da mulher e que é também o seu por adopção. Voltou no entanto a Portugal ("... tinha cá as filhas ...") e vive hoje entre Lisboa e Madrid, pelo que percebi sem grande "parança".

De Portugal diz apenas que é a sua origem, a terra dos seus Pais e Avós - e portanto sua. Di-lo com um tom indefinível, que não me permitiu perceber se ele admirava Portugal, se realmente gostava do País de nascença, ou se o aceitava como aceitava ser carne da carne e sangue do sangue dos seus Pais e Avós. Como uma inevitabilidade.

Enfim, estou para aqui a discorrer e afastei-me do que me levou a intervir. É que, a certa altura, o Homem - que é arquitecto - começou a discorrer sobre a Arquitectura que se vai impondo pela cidade e sobre o papel (ou falta dele) da Câmara de Lisboa no assunto. Daí passou para o que considerava ser um escândalo: A contratação do arquitecto americano Frank Gehry pelo Santana Lopes. E ... entre outros mimos ... disse isto: "Aquele Santana é um verdadeiro .....



... besugo!"


Soltou-me uma gargalhada, o raio do homem. Bem haja!

Bom fim de semana.

View blog authority