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25.10.03

Senhores e Doutores

Lolita, como de costume, baralhaste tudo.

Uma coisa é discutir o costume português de usar dê - erres e outras coisas do género no trato com licenciados.

Outra coisa é verificar que, ao contrário desse costume (goste-se ou não, goze-se com ele ou não), um juiz trata um arguido de modo diferente.

Porque é que o faz? Será porque acha, como a Lolita, que é uma parolice portuguesa o uso do dê-erre?

Se fosse por isso, até podia estar bem.

Mas não é.

É para marcar, melhor, vincar, o estatuto inferior daquele a quem se dirige.

É disso que fala o Miguelito e, se puseres mais de metade do cérebro a funcionar por um dia, até tu entendes isto (hehe).

A meu ver, se a mim me fizessem isso, nas circunstâncias em causa, eu exigia uma de duas coisas:

a) trate-me por "senhor arguido", e eu trato-o por "senhor juiz"

b) trate-me por "senhor", mas receba de mim o mesmo tratamento.

A hipótese "a" é a formalmente mais correcta. A hipótese "b" era por admitir a hipótese de o juíz, na verdade, não gostar de chamar nem de ser chamado "doutor".

Talvez que a despreconceituosa Lolita, se fosse juiz, aceitasse de imediato qualquer destas hipóteses. Duvido que a generalidade dos juizes o fizesse.

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