Depois prometo que mudo de assunto.
Três notas:1. É pacífico, exigível e inquestionável que as conversas privadas se devem manter privadas. Ninguém devia saber, neste momento, que o Ferro Rodrigues, eventualmente num momento de torpor alucinado, tenha pronunciado ao telefone o verbo "cagar" numa frase em que pronunciou também a expressão "segredo de justiça" e o calão "merdas" na mesma frase em que falou em "juízes". Mas sabe-se. E se estes desabafos são irrelevantes no contexto da investigação, já não o são no contexto político.
2. Relevantes, no contexto da investigação, são os possíveis indícios que se retiram das escutas telefónicas - ainda assim, ilegitimamente divulgadas - quanto à tentativa de pressão dos intervenientes no processo, directamente ou por interpostas pessoas. E esses indícios, perdoem-me, parecem-me muito mais claros e preocupantes do que a dimensão escatológica da opinião do Ferro sobre o segredo de justiça, esta possivelmente passageira e sem outro significado além de um eventual suicídio político do líder do PS e dos seus acólitos.
3. As transcrições do teor das declarações que resultam das escutas telefónicas eram, desde Junho, do conhecimento da defesa do Paulo Pedroso. Que, aliás, as disponibilizou aos ilustres jurisconsultos que emitiram os pareceres que foram juntos ao processo. Já havia, então, muita gente fora do processo a conhecê-las para que se saiba agora quem as divulgou. Por isso o Júdice está tão apreensivo. Pudera, eu no lugar dele também estaria.
Só mais uma coisa: a opinião do Alonso é semelhante à dos "indecisos", no universo de inquiridos de uma sondagem. Para ele, o meus votos de rápidas e profícuas reflexões sobre o assunto, partindo do princípio de que a sua (do assunto) evolução não seja tão perturbadora como, para já, se adivinha.
Afinal eram quatro notas.
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