Quero a cabeça de João Baptista...
... pediu Salomé, filha de Herodes. O que prova que os filhos, podem, até, ser ainda mais obtusos do que os pais. Ou, se quisermos, podem ser a obra acabada, se os pais forem apenas o projecto de energúmeno que se conclui na descendência.Nos tempos mais recentes, os Kindergarden (que eu cuidava designarem-se cá por jardins de infância, excepto na Câmara de Comércio Luso-Alemã e no Goethe Institut; mas suponho que o João Gonçalves os designa assim para dar o preciso ênfase no tipo de educação militarista que defende) explicam, ao que parece, a parvoíce dos filhos. Mais: explicam a infinita estupidez dos pais, que confiam que alguma Kindermädchen (qual Eva Braun, castigadora) está, vigilante e atenta, a educar os seus filhos durante o dia, aplicando-lhes a competente bofetada no momento oportuno ou outros castigos corporais não menos eficazes para alguém se fazer homem. Mas não. Ocupam as crianças, imagine-se, com "frivolidades" e "brincadeiras". Vai daí, o progenitor, embuído do mais nobre espírito de missão, dirige-se ao filho e, sem mais, prega-lhe uma sonora chapada enquanto pensa para consigo: "mas que parvo é este meu filho".
Caríssimo João Gonçalves: eu não fiquei incomodada com a sua crítica à reforma do código penal. Longe disso. Divertiu-me o fervor que dedica às boas práticas sobre a educação de um filho "parvo": é à bofetada e à chapada, q.b.. Certo, já percebemos.
Já você pareceu-me algo irritado com o meu comentário, ao ponto de me "aspear" e de me negar (oh, infortúnio!) a improvável comparação com a Lolita Nabokoviana - que eu, grata pela justiça, registo com agrado.
Em todo o caso, não perca o fair-play. Afinal, estamos em público (para facilitar, imagine que estamos num restaurante). Eu garanto-lhe que, se por um qualquer inusitado acaso do destino calhasse termos alguma relação de parentesco e eu tivesse o dever de o educar, ainda assim não lhe daria uma tal chapada.
Em suma: eu já não frequento nenhum Kindergarden. E você?
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