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15.10.06

A alternância fica muito dispendiosa.

Vistas bem as coisas, o modus faciendi da ditadura salazarista resultava em poupanças significativas no erário público, designadamente no que diz respeito ao subsidiamento dos pés-de-meia dos notáveis do regime. Se pensarmos que os ministros de Salazar se mantinham em funções durante décadas e que só eram exonerados por velhice ou destacamento para funções não menos úteis aos propósitos do estado (por exemplo, como governadores de províncias ultramarinas), temos forçosamente de concluir que a despesa pública se controla melhor num regime de partido único do que na nossa actual alternância democrática.
De facto, os ministros do centrão, bem como toda a pandilha da confiança política dos ministros, mudam de quatro em quatro anos - e isto na melhor das hipóteses. São, portanto, dez a doze pés-de-meia em cada quadriénio que o estado português se vê forçado a subsidiar, contra dez a doze pés-de-meia por cada dez anos (ou mais) durante o Estado Novo.
E isto, claro, já sem falar no habitual jogo das cadeiras a que se assiste em cada legislatura, para que, em cumprimento do princípio da igualdade e da participação cívica, todos os membros do aparelho possam usufruir da ilustre condição de ministro que os transporta à prateleira dourada do lugar na administração da CGD, da Galp ou das Águas de Portugal.

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