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7.9.06

Esguichos de besugo

Marco Materazzi revela, aqui, o teor da conversa que manteve com Zinedine Zidane durante a final do recente campeonato do mundo. Essa conversa, recorde-se, valeu ao italiano uma potente cabeçada na região precordial, com consequente queda para trás; e ao francês, que teve a felicidade de lha desferir, um banho precoce (se é que ele se foi, de facto, lavar).

Vejamos.

Zidane, generoso, ofereceu a sua camisola ao central transalpino (por acaso até é transalpino, mesmo; visto daqui, aliás, é tão transalpino como, por exemplo, o Litmannen ou o Miroslav Klose). Propôs-se, até, entregar-lha no fim do jogo, eventualmente já passada por água.

O italiano (é uma espécie de transalpinos que há, mas como ficam mais perto dos Alpes que os outros transalpinos todos, acabam por ser do menos transalpino que há, isto tudo em termos de indivíduos e colectividades sediados para lá dos Alpes, claro) expressou preferir, nesse caso, já que Zidane se encontrava de bom humor e propenso a oferendas, a irmã do francês.

Zidane afastou-se, pensativo. Vê-se bem que começa por dar uns passos, afastando-se do outro. Mas também se percebe que já vai um bocadinho fodido da cabeça. Tanto que, repentinamente, inflecte a marcha e rapidamente regressa ao convívio de Materazzi, tendo sucedido, num ápice (gosto desta expressão, num ápice, parece um empregado de restaurante português a informar um cliente francês - ou belga, ou canadiano do Quebec - da ausência de determinado acepipe, mas com má grafia e, basicamente, numa espécie de françoguês) aquele episódio pitoresco da tolada.

Eu faria o mesmo. Então um transalpino, perante oferta grátis da minha camisola - ainda que suada, mas a cheirar a um Lancôme qualquer, isto se houver disso para homem - atreve-se a afirmar-me, levianamente, "ah!, já agora, se não te importas, em vez da tua camisola antes queria a tua irmã..."!?
Antes queria a minha irmã que a minha camisola? Tungas. Pega lá esta no meio da quilha. Era logo.

Agora vem o transalpino dizer que "ah!, além disso eu nem sabia que ele tinha uma irmã...". E ainda, quase ranhoso de choraminguice, "ah!, e ele nem me pediu desculpa nem nada, o temperamental pré-alpino...".
Isto enfurece. Quer dizer: preferir a nossa irmã à nossa camisola já é grave, já chateia um bocado; agora dizer isto na galhofa, sem sequer saber que temos uma irmã, quanto mais conhecê-la o suficiente para a cobiçar, ainda por cima cobiçá-la mais do que à nossa camisola gloriosa? Não. Isto é torpe.

O transalpino devia era levar outra turra, só por ser leviano. "Ah!, não sei, não conheço, nem sei se há, mas prefiro". Palerma.

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