Do fim da estrada
E depois dei fé que o rapaz mais velho estava a chorar molhado, nos olhos cheios de saudades húmidas e por debaixo dos acenos tristes, ali no desvio para Viseu. E que o mais novo - mais como eu, mais de securas caladas - estava na mesma. Mas mais como eu, lá está.
E todos sabemos que faltam aqui pessoas, são as que faltam na fotografia. Faltam as pessoas que lá faltam e as que cá faltam, porque se dá o caso simples e registado (mas não é para aqui, ao menos por agora) de lá terem estado e de cá terem estado e de não as vermos lá, nem sequer cá, muito menos agora, recortadas. Boas figurinhas.
Carecemos muitas vezes, vezes demais, as vezes que calha carecermos, de implantes queridos na paisagem. Temos sede dos implantes e apetece-nos bebermos da paisagem. Concedo que é uma frase parva.
Mas na paisagem, quando despida das pessoas, pode dizer-se que as pessoas são implantes. Decalques enquadrados, mas moldura livre. Pode sempre ser.
E não é contra a paisagem, isto das pessoas. É nela. Não sabiam? É.
É por eles que se chora, contudo e por conseguinte. Chora-se sempre pelos implantes, pela falta deles. Quase sempre pelas pessoas, pela falta delas, leia-se o "quase" como se fosse uma química de perda. Não há química diversa desta, aliás. Tudo custa, às vezes muito, em qualquer combinação da tabela periódica do nosso tempo.
As paisagens choram menos e não nos humedecem tanto os olhos como o que lhes falta ali, nelas. Como o que nos falta aqui, em nós, a justificá-las.
A justificar-nos.
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