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5.8.06

Está? Nuno Rogeiro?

Eu às vezes fico perplexo: como é que ainda ninguém do governo se alembrou de arranjar um lugar destacado no Simplex Para A Defesa Nacional ao João Miranda?

É incompreensível!

É ou não é de raciocínios inatacáveis e lineares, atordoantes na sua simplicidade genial, que o Simplex (mesmo o Simplex Para a Defesa Nacional) mais precisa?
É! Fartos de complicadinhos andamos nós! E é por causa desses complicadinhos que (eu agora vou dizer a frase que me faz convulsivar quando a oiço ou leio, por isso desculpem, costuma ser um ataque rápido, nem sempre desmaio) "Portugal não vai pá frente!".

João Miranda, em mais um texto praticamente geométrico, compara duas estratégias defensivas para garantir a segurança da nossa fronteira. Presume-se que se refere à fronteira com Espanha, mas dá na mesma se for o Mar. Tem é de haver um desembarque, mas também estava bem visto se fosse, há zebros.

Basicamente, nós minamos aquilo tudo. A questão é se pomos bandeirinhas nas minas, assinalando-as, ou se as deixamos escondidinhas, clandestinamente.
João Miranda parece optar por as esconder. De maneira que os espanhóis, não sabendo onde as enfiámos (às minas), ficam um bocado aos papéis: têm de desminar aquilo tudo, isso chateia e, já se sabe, podem sempre topar com meia dúzia que rebentem. E lá se vai um punhado de invasores pelos ares, eventualmente já sem vida - ou com pouca e de inferior qualidade.

João Miranda vai ainda mais longe na sua acutilância, quando afirma que "no caso dos escudos humanos é a mesma coisa. Quando não se sabe onde estão, é necessário pressupor que estão em todo o lado".

Ou seja, a eficácia parece-lhe ser a mesma: coloquemos nós, na fronteira, minas escondidas e em barda, ou escudos humanos (são pessoas, presume-se) escondidos e em barda, isto, tacticamente e do ponto de vista do efeito dissuasor, é tudo batatas com grelos!

Bem visto! E simplex!

Se bem que me pareça que os castelhanos são capazes de se sentir um bocadinho mais lixados e dissuadidos com as minas, não sei, é o meu feitio mau que me não larga e que - reconheço - sempre me tolhe. A menos que os escudos humanos estejam armadilhados, isso aí já me parece que iria fazer os espanhóis rabiar mais um nico.
Eu confesso a minha natureza muito pouco abrangente, inclusivamente em assuntos militares.

Mas pronto: desde que João Miranda, na primeira oportunidade que lhe surja, vá fazer de escudo humano oculto na fronteira prestes a ser invadida e nos traga, depois, provas da sua teoria, com gráficos e tudo, eu adiro a mais este Simplex.

Até esse dia - que espero com alguma ansiedade, admito -, acho mais vantajoso minarmos aquilo.

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