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2.8.06

Discriminação positiva

Tenho um enorme respeito pelas criaturas da noite.

Já se vinha ensaiando o périplo de defensores das vítimas crianças, agora complementado com um (desnecessário) manifesto de respeito pelas vítimas criaturas da noite. Claro que se respeitam. Todos, crianças, vítimas ou criaturas da noite merecem, suponho, nada mais nada menos do que o mesmo respeito que todos os outros, todos nós, merecem. Afinal, tudo devia resumir-se a mostrar apenas respeito pela vida dos outros. Nada nos obriga a ir mais longe e a respeitar o modo de vida dos outros, desde que se cumpra o velho e são princípio do respeito pelas liberdades alheias.

Perdeu-se uma vida, praticou-se um assassinato. É só isto. Ou é, aliás, tudo isto. Mas a busca da vitíma vs culpado é tentadora e constitui uma das frágeis dimensões da condição humana, quando perante um facto terrível. Até o tsunami na Ásia valeu imputações de culpa. E a fragilidade humana portuguesa tem uma especificidade curiosa: o culpado é frequentemente o Estado. Mas, culpar o Estado não é muito diferente de manifestar respeito pelas criaturas da noite: é inútil e, sobretudo, redundante. Como é evidente, todos as respeitamos - e, com a mesma evidência, respeitamos-nos uns aos outros.

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