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31.7.06

A day at the races

Acabada de chegar do jogo de apresentação do plantel do FCP, venho aqui com a humildade dos aprendizes deixar algumas notas de observação empírica, portanto caótica.

As mulheres vão cada vez mais ao futebol. Ou, para ser rigorosa, as mulheres portistas vão cada vez mais ao futebol. Genericamente, dividem-se em três grupos: as que aproveitam o ensejo para exibir os atributos (pense-se em clones da Victoria Beckham, mas mais burguesas e notoriamente menos endinheiradas); as que, por mimetismo do hooliganismo masculino, se tornam indefectíveis da bola e que, de olhar fixo no relvado, sofrem, vociferam, praguejam, lamentam e exultam por tudo e por coisa nenhuma; e, finalmente, as que vão à bola por acaso ou incidente do destino e assistem ao jogo perdidas, sem saber muito bem do "status quo", que espreitam os ecrans gigantes em busca do clarão de luz que as esclareça e que se apercebem de que a bola entrou na baliza depois da multidão gritar "goloooooooooo!". Eu sinto simpatia por estas mulheres, sofredoras mas esforçadas, em que eu, de resto, me incluo. Já explico como vejo um jogo de futebol ao vivo.

Um estádio de futebol é um imenso manancial de curiosidades, impossíveis de prescrutar numa transmissão televisiva. O meu gosto pelo futebol visionado (com a esotérica excepção dos jogos da selecção, que sigo segundo a segundo) resume-se aos golos. Em não havendo golos, disperso-me e vagueio. Dou exemplos: segui os passos do juiz de linha do lado poente do estádio durante tempo suficiente para não me aperceber de um remate à baliza de um romano; reparei que o Helton estava parado há tempo suficiente para sair e voltar sem que ninguém sentisse a sua falta; acompanhei o incansável labor dos apanha-bolas; analisei a expressão enfastiada dos stewards, de costas voltadas para o relvado, a olhar para o lado errado do espectáculo; contei o número de camarotes do lado nascente do estádio; retive-me numa adepta de look Shakira, calça justa e top rosa-choc-sensual, que tropeçou nos saltos e espalhou as pipocas na escadaria da bancada. Com tudo isto, eu não vi todo o jogo, mas vi uma boa parte do espectáculo. Não me arrependo, portanto.

Na segunda parte, o onze apresentou a pièce de resistance: o equipamento alternativo. Muito alternativo, aliás. Mas, falemos claro: só alguém de extrema má fé não notará que se trata de laranja fogo, que é uma tonalidade pouco conhecida do laranja. Numa outra perspectiva, é de notar que o Porto exalta, desta forma, a forma despreconceituosa e destemida de estar no futebol: não há cor que o amedronte, não há símbolo que o faça recuar.
Numa outra perspectiva, ainda: o equipamento alternativo é inenarrável. Mas eu sei que o Pinto da Costa saberá responsabilizar o cretino que inventou uma indumentária tão bizantina, tão...rectro.

Rectro. Isto leva-nos a outro tema, não menos interessante.

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