O repórter estava lá, como sempre.
A reportagem sobre a transferência do Simão para o Sevilha, o Ossasuna, o Real Sociedad ou coisa que o valha começou pela imagem do dito a sair de um hotel, vestido com umas calças de ganga esternicadas contra as pernas e óculos de sol muito
bués, tudo dentro do género
football-fashion ou Beckham revisitado, a sorrir e a acenar para as câmaras enquanto recusava responder às atoardas dos repórteres, qual Lady Di em versão escalada. Mas o melhor ainda estava para vir. A "entrevista" ao dirigente máximo do SLB decorreu perante as costas do LFV que, impertinente, enfiou a cabeça dentro do BMW série setecentos e tal e enxotou os temerários repórteres lá das profundezas do habitáculo dizendo "eh pá, vocês são sempre os mesmos, ide, ide, que hoje não vou dizer mais nada" e confirmando, para nosso sossego, que o futebol português está igual ao ano passado e que o Benfica está mais igual ainda, e que todos nos podemos reconfortar na certeza de que enquanto o futebol tiver Simões, Vieiras, BMW e transferências, o país terá as costas dos dirigentes viradas para as câmaras, em
close-ups ansiosos, desdenhando-nos a curiosidade na certeza de que eles, os Vieiras e os Veigas, sempre dirigirão o futebol português, pelo menos enquanto não decidirem candidatar-se a presidentes de câmara.
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