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3.8.06

Era o julgamento da dor ou era de quê?

Quando um juiz profere uma sentença e, acompanhando-a, remete mensagem para o exterior, deve ter presente que os destinatários da sentença e da mensagem para o exterior são diferentes.

A sentença para os pequenos homicidas não necessitava de mais nada: são 11 a 13 meses duma coisa qualquer que deve estar na lei. Andor. Reformatório. Até à próxima. Não quero discutir isto, já sei, já sei. Já sei, foda-se!
A mensagem para o exterior deveria ter sido mais dura, já que não era com os miúdos (estes, como já disse, levaram meses - e não digo que esteja mal assim, não sei de leis), era connosco: era "para fora".
Não se mata ninguém, nem assim nem de qualquer maneira, mas assim muito menos. Ninguém. Ponto final.

Se eu fosse juiz (ainda bem que não sou, não tenho estaleca para jurismos), berraria alto, para que toda a gente me escutasse: "o que vos safa é serdes putos; adultos que façam esta merda são vinte anos de choça, seus filhos da puta".

Eu nem gosto dos filmes do Almodôvar, acho-os berrantes e parolos, sempre baseados em camionistas com mamas, mães estranhas, retoques em cima de retoques, e comatosas que desendaeiam tesões em paneleiros, entre outras coisas que me dão sempre sono e tédio.

Mas conheço a dor. Que não tem mamas postiças. Que faz berrar, sem ser berrante. E é muito simples, a dor, quase dispensa simbolismos histéricos de hipersensíveis: mas não dispensa o senso e a revolta de quem a julga. E, com a temperança necessária ao facto simples de a dor não ser sua - mas podendo vir a ser -, quem a julgar tem de a julgar, de facto, sempre, como se fosse sua. Ou nossa.
Mais ainda que isso: como se fosse dor.

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