França: parte 1
Bom, vamos agora pensar um bocadinho na França.Passando os olhos pela imprensa francesa, temos os tipos a tentarem ser politicamente correctos, ou seja, a expressarem um profundo respeito pela equipa portuguesa.
Não é nada disso. Aqui há uns anos largos, o Porto entrou num torneio em França, de futebol de 7, daqueles "indoor" que as equipas francesas promovem por alturas da "trève", quando o campeonato deles pára. Penso que foi em Bercy, mas não juro.
Bom, o Porto estava naquela sua primeira grande maré europeia, ou às portas dela, já não me lembro. Jogava que fartava e dava gosto, mesmo a quem não era portista.
E, já se sabe, o pavilhão estava cheio de franceses, misturados com muitos portugueses (emigrantes, naturalmente), porque o jogo era, salvo erro, contra o Bordéus... ou seria o PSG? Há-de haver portistas que se lembrem melhor disto que eu, pelo menos dos detalhes.
Mas o que aqui vos trago, para vos recordar da proverbial délicatesse dos franceses, é o seguinte: não sei o resultado final (eu, a bem dizer, devia estar maluco quando comecei a escrever isto, é só "brancas"... agora já está em marcha, siga), mas sei que o Porto esteve a ganhar e, nessa altura, os nossos cantaram e gritaram "Porto, Porto". E eu com eles, que eu estou sempre com os nossos mesmo quando não sou convocado por eles. Bom. A alegria dos nossos provocou nos bretões uma reacção abominável, que tivemos de tragar e calar. Começaram a grunhir "portugais, au chantier!", o que não é bem a mesma coisa que puxar pelos seus. É ser baixo. Muito baixinho.
A França é um país esquisito. Em 100% das vezes que os boches decidiram conquistar o mundo, entraram pela França dentro a perguntar as horas aos bretões. Nessa altura, estiveram caladitos, não cantaram, e lá disseram as horas.
A França é um país em que quase toda a gente tem qualquer coisa de cabeleireiro (esta não é minha, li algures, não me lembro onde) e de denunciante. A França bretã é uma nação execrável, chocarreira, que desmerece as suas excepções. Hugo, sim, mas não apenas Hugo. A França branquinha do senhor Le Pen e do senhor Chauvin, do senhor Chirac e do senhor Pétain, não merece vultos como o senhor Verne, o senhor Flaubert, o senhor Proudhon, o senhor Platini.
A equipa francesa que está no Mundial, com Vieira, Zidane, Barthez, Ribery, Gallas, Thuram e Henry, é uma excelente equipa de "velhas ratas manhosas e talentosas". Eu, da equipa, gosto.
Mas a verdade é esta: a França bretã, de Le Pen e dos novos tontos que o escutam e que com ele se babam (como já escutavam em Bercy, naquela noite, mesmo que ele ainda andasse em período de congeminação do pecado de se babar), não merece esta equipa.
Façamos um favor à equipa francesa: ganhemos-lhes. Eles, os velhos heróis de 98, não querem ganhar. No fundo, não desejam dar mais nenhuma alegria a uma França cada vez mais pequena, que não os ama. Que não se ama.
Vão estar fragilizados nisso, os "bleus"? Vão, sim. Mas também pode ser que se unam à volta de si, antes que os bretões lhes relembrem a pouca brancura e os destinem "au chantier".
Muito cuidado, rapazes.
Mas é para ganhar, desta vez. Sem medo nenhum.
Ciência de besugo.
<< Home