Verão Azul (por mim, verão verde, mas mantenho o verbo)
Hoje o dia correu-me bem, ou mais ou menos. Não salvei ninguém, acontece, mas acordei cedo. E desfiz a barba; isso foi ontem, mas eu digo só hoje porque só hoje é que me lembrei. De dizer.Fui, mesmo, à tarde, à reunião do serviço. É uma coisa a que se deve ir sempre, ou quase sempre, fundamentalmente porque está no horário e o horário é para se cumprir. O horário é a versão milesimal (é fazer as contas) do anuário. E do Januário não falo, porque não conversamos amiúde.
Nota 1: Não foi por ter ido à reunião de serviço que não salvei ninguém hoje, foi porque, aparentemente, hoje, não havia ninguém para eu salvar. Aliás, mesmo que houvesse, eu iria sempre à reunião. Também gostava de ir à Reunião, mas não tenho dinheiro para ilhas dessas. Bom. Que dizia eu? Falava do meu dia, pois.
Depois de ter percebido que, basicamente, as Joint Comissions (Comissões do Charro) levantam fundamentalmente um problema de papéis e de cruzinhas para se preencherem (joint venture é diferente, lá está, é mais tipo jam session, dá menos qualidade em termos de papelaria, claro...), regressei a casa. Devo dizer que, antes disso - e antes mesmo da catarse de serviço, que é aquilo de a gente ir ali catar-se dentro do horário, uma espécie de quitoso regulamentado - ingeri, à pressa, duas pataniscas grandes de bacalhau, que me souberam bem.
E, sobretudo, regressei a casa.
Estive a ver o FOMF1998, que é o Filme Oficial do Mundial de Futebol de 1998. Ora, em 1998 eu já era nascido. Por isso, lembro-me. Estava pela França, em 1998 e hoje. O meu filho mais velho não se lembra, por isso estava (hoje, coitadinho) pelo Brasil. E eu, que sou mau como as cobras, deixei-o ver tudo, até à final, até aos 3-0, dois do Zidane e um do Petit (sem ser o outro gnomo do Benfica, o francês mesmo, o bretão guedelhudo).
No fim, um bocado combalido (até porque "até já jogava o Ronaldo, pai, isto parece recente, mesmo!", " e é, tratante, e é, foi há oito anos, é muito recente!") o adolescente que aqui tenho argumentou:
- O Brasil não ganhou este?
- Não, filho. Não ganhou este nem vai ganhar o próximo.
Ficou esta aposta, entre nós. Por mim, não ganha o Brasil. E não ganha.
Tenho de ver é se os meus doentes conseguem transformar, de forma sistemática, a sua quantidade de dor numa espécie de numerário. Senão, não tenho eu qualidade, não têm eles qualidade. Qualidade é que se quer. E isto percebe-se: um tipo chega e diz "Ah! Isto dói-me muito!". E já se sabe, isto é uma porcaria, o tipo tem de dizer o que lhe dói, claro, mas é de zero a dez, senão não vale, não tem qualidade, isto.
Depois, à noite, jantei fígado de cebolada e vi o Lêndeas e aquilo do Humberto Delgado. E agora estou aqui, isto é que é o pior.
Nota 2: Devíamos contratar o Costinha, o Hugo Viana e o Pauleta. E manter o Caneira. Mas também não é à conta destas opiniões que eu não salvei pessoas hoje. É que não as havia. Há dias em que parece que está toda a gente bem, eu não tenho culpa, por mim não estavam, pela Beleza também não, "dia em que não haja vidas para salvar, caramba, é porque não são precisos médicos". Também acho. Precisamos é de médios, lá está, Costinha e Hugo Viana, foi o que eu disse. Está bem, o Pauleta não é médio, mas isso, lá está, pois, pronto.
Eu gosto muito da Leonor Beleza, é uma excelente reformada no activo e que me faz lembrar ceifas de milho e pipas ocas.
Nota 3: E também gosto de colocar bolds e itálicos. Quando falo - ou escrevo - "eu é que sei". E até sei onde isto aborrece quem acaba por escutar - ou por ler.
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