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4.10.05

Compra um computador novo, compra!

O Alonso veio aí tentar desviar-me do firme propósito de prosseguir na minha senda futebolística, introduzindo o tema "juízes e funcionários judiciais: uma questão candente". Não conseguirá.

Obriga-me, contudo, a contrariá-lo em dois pequenos pormenores, meros detalhes de circunstância. Mas é preciso repor a verdade dos factos.

Cuido que, na altura, Pinheiro de Azevedo disse "bardamerda", sim, mas "para o fascismo". E manifestou, também, algum desagrado por ter sido sequestrado pelo povo, na assembleia, afirmando ser isso, o sequestro, "uma coisa que me chateia". Isto é diferente. Não me recordo de ter proferido a afirmação "bardamerda para o povo", embora possa ter-lhe apetecido proferi-la.
Por este singelo exemplo se vê como o Alonso manipula a verdade, o que é lamentável e excepcional num jurista, numa alquimia maquiavélica que nos transporta, directamente, para a vaselina.

Ora, a vaselina. A vaselina é um composto químico simples, vagamente gelatinoso, bom para o cieiro e para outras securas. São conhecidas, outrossim, as virtudes da vaselina na resolução de vários problemas de indecisão mecânica, em que, seja pelos nervos, seja pela inabilidade, se torna necessário lubrificar diferentes vontades.
E Cavaco, suspeito eu, está entre vontades. Está entre o entrar e o não entrar. Sente o esfíncter decisório espasmódico e vai-se abaixo.
De facto, não faz qualquer sentido, do ponto de vista da honestidade intelectual, dizer ao povo que "eu já decidi se vou a votos ou não" e, depois, não dizer logo ao povo se vai a votos ou não vai.
Afirmar, aborrecidamente, com o ar maçado de quem profere uma evidência, que "só digo depois das autárquicas" é, com o devido respeito, desonesto: só seria inteligível se, do resultado das eleições autárquicas, dependesse, alguma coisa, a sua decisão.

Reparem: que perturbação aconteceria no eleitorado se Cavaco anunciasse, agora, já amanhã, que vai ser candidato? Nenhuma: toda a gente (menos eu, pelos vistos) acha que ele já é candidato.
Já se, por absurdo (eu não acho absurdo, mas pronto), ele anunciasse que não queria candidatar-se, o povo resmungaria "pois, lá está ele outra vez, bem me parecia" e limitar-se-ia, o povo, a ir votar, ordeiramente, no presidente da câmara que quer e no presidente da junta que almeja. Claro que isto lançaria algum pânico no PSD (e, às tantas, mesmo em parte do PS), mas não me parece que Cavaco seja homem para se importar muito com isso, como já tem dado provas em intervenções fracturantes anteriores.

Portanto, meus amigos, isto só se explica por indecisão (e por isso lhe propus vaselina, Alonso, apenas para o ajudar a lubrificar o tal conflito intestino "entre vontades"(*) que lhe pressinto, com alto sentido clínico), ou - e peço sofridas desculpas pela sofrível terminologia que vou usar agora - por "teimosa vontade de prolongar tesões de mijo". E, se for este o caso, reconheço, a vaselina não ajuda. Nem desajuda, valha a verdade, pelo que mantenho a oferta.

(*)E ser-lhe-ia útil, nesse sentido, a translúcida pomadinha.

E mais: se ele se candidatar, podem crer que o devem a mim, que o estou a pressionar de tal maneira que já Boliqueime inteira fumega.

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