Esguichos de besugo 27 (suponho eu)
Introdução e lembranças revoltantes do autor:Pela primeira vez na minha vida desliguei a televisão por não ser capaz de ver um jogo do Sporting até ao fim. Nunca o tinha feito. Nem mesmo naqueles 6-3 que levámos do Benfica. Nunca. No caso dos 6-3 até estava no meio de benfiquistas e portistas (que saltavam naquela alegria sem jeito nenhum que só andrades e lampiões conseguem ter ao mesmo tempo), só me apetecia desfazer-lhes o couro cabeludo à paulada, mas eram muitos e eu estava, sobretudo, acabrunhado... e entre amigos. Embora fossem - e continuem a ser - uns sacanas do caraças.
O caso de ontem: vertente psicológica e sua aplicação ao cartesianismo.
Juntou-se-me ali, ontem, no bestunto, semelhante sarrabulho de irritações e de desgosto que me fui ao botão e desliguei aquela merda. Uma televisão em que o Sporting esteja a perder passa a ser, portanto, para mim, aquela merda. Acabou-se-me o jogo ao intervalo. Chama-se a isto "fuga". OK.
Para já, quero que se foda como se chama. Mas, uma vez que se chama "fuga", quero que saibam que ocupei o tempo que assim me sobejou a pensar. E, ao contrário do que diz a lolita e do que acha o alonso, eu, quando penso, "não me limito a deixar a cornadura fumegar"! Torno-me um inquisidor.
Coloquei em dúvida, questionei, tudo aquilo que pensava sobre o plantel do Sporting em geral , sobre o Peseiro, os árbitros, a SAD do Sporting, a Liga, o caralho do Paços de Ferreira, o Cavaco, os portugueses em geral, o António Borges, o Dias Loureiro, eu próprio, a mãe do Peseiro, o João Braga, o Beto e a família toda dele até à quinta e ancestral geração, as eleições autárquicas e o Sean Penn. Cheguei a imaginar o Sporting treinado pelo Manuel de Oliveira, depois pelo Manoel de Oliveira e, finalmente, por mim, tendo parado aqui porque eu não aturava aquela merda por menos de 50.000 contos por mês e tinha de ter autorização, mesmo assim, para usar um revólver nos treinos. Já os senhores vêem em que estado de absoluto descontrole emocional eu me encontrava ontem, tendo mesmo emitido um "puta-que-pariu-esta-merda" que foi escutado pelo meu filho mais velho. Que, aliás (tenho de falar com ele sobre isto, que ainda não chegámos à Madeira), me retorquiu com um "tens razão, foda-se" convicto.
Como podem verificar, este tema é complexo. Por uma questão de comodidade de leitura (e porque me aconselharam a não escrever coisas muito compridas: além de me tornar superlativamente maçador, acabo por me enlear nas palavras e perder-me), vou dividir isto em capítulos. Ainda não defini os títulos, ainda não organizei as coisas, mas para já é só isto. E o resto é para hoje, também.
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