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30.9.05

Pensando em simetrias

Não sei ao certo a razão que levou os populares a vaiar o Rui Rio nas suas visitas de compasso aos bairros sociais do Porto. Provavelmente, muito provavelmente, tudo não passa de mais uma expressão inconsequente da populaça, que só se faz ouvir sempre que se depara com uma oportunidade para reconstituir um auto de fé, ainda que improvisado e que, por isso mesmo, nunca é ouvida e é sempre desconsiderada, excepto no momento crucial do nobre exercício do direito ao voto, de que a populaça pouco ou nada sabe porque é que é nobre ou porque é que é cívico.
Rui Rio há-de ter passado um mau bocado, que isto não é normal neste país. Nem tolerável em lado nenhum, que a populaça, naqueles preparos, é feia em qualquer país do mundo. Ninguém lhe viu, contudo, a expressão da indignação, justa, perante a barbárie da antítese da liberdade de expressão. O que se viu foi um político em campanha. Aproveitou, como pôde e até esgotar o tempo de antena, todo o evento contra a oposição (que, de resto, nem parece beliscá-lo, ao que rezam as sondagens) e quase parecia satisfeito com este insólito que, apesar de difícil de engolir, lhe pode trazer vantagens estratégico-eleitorais. Insinuou sem pudor, sem classe e, pior do que isso, sem sensatez. No mesmo limiar (baixo) da (i)moralidade da populaça que o vaiou e que, sem nobreza e sem civismo, lhe serviu, afinal, de espelho.

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