João Ratão
Não sou oncologista médico. Longe disso. Sou apenas um especialista de medicina interna com experiência em clínica oncológica, um internista que já viu e tratou (tratar não é curar, eu sei) alguns milhares de cancros.Não me levem a mal não ser o que não sou. Bem vêem, não consegui estar, quando devia, 18 meses longe de casa para fazer aquilo que se chamava, na altura "ciclo de estudos especiais em oncologia". O que faria de mim o que não sou. Agora já não há. Mas fui trabalhando e adquirindo saber na "marcenaria local".
Nem toda a gente gosta da emergência médica, eu próprio já gostei e agora já não gosto, não consigo, não é comigo, é tudo muito rápido e definitivo e eu, em se tratando de coisas definitivas, preciso de mais tempo para pensar do que carecia antes. Fui antes por aqui.
Não duvidem: eu sou o que sou e sou o melhor que posso; e, sendo pouco, tenho o respeito e a amizade de algumas pessoas que são oncologistas a sério e que me protestam esse respeito e essa amizade repetidamente, mesmo sendo só o que sou.
Isto de se ser o que se é, é inevitável. E iniludível. Mas se merecer algum respeito dos que respeitamos passa a ser, também, uma espécie de certificado. Um diploma do coração, que nos credita e acredita, mesmo que não tenha o valor indiscutido do "papel passado".
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