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26.9.05

Impressões sem provas (como quase sempre)

A candidatura de Manuel Alegre, dependendo de algumas coisas pequenas, pode ser boa para o resultado eleitoral do PS nas eleições presidenciais.
Independentemente disso, é boa para Portugal. Não sei, até, se me importa muito, neste momento, se é boa para o PS: sei que Manuel Alegre é o primeiro candidato presidencial, desde que me lembro, que conta - mesmo sem o apoio explícito de nenhum aparelho partidário- para "as contas". E que este singelo facto me agrada.

Vai obrigar Soares (e o PS) a dialogar com a "esquerda": a menos que sejam lorpas, não lhes resta alternativa, não mais colherá o cinzento discurso "do centrismo". Diminuirá o eleitorado "flutuante". E fixará (a menos que Soares e o PS decidam fugir para a frente, como fazem os tontos, fraca viagem) o eleitorado socialista, que se reverá, quase sem dúvida, numa das duas candidaturas do partido. Sócrates já foi, hoje, do ponto de vista estratégico, imprudente. Já veio dizer que o candidato do PS é Soares, duma forma completamente imbele. A estratégia correcta seria esta: apoiamos Soares, escolhemos este, mas Alegre é dos nossos. A campanha de Soares não pode hostilizar Alegre. Seria estúpido e pouco congregador.

Fora deste cenário ambivalente, um bocadinho torpe, um pouco manipulador, mas muito simples, o PS corre o risco de sofrer uma derrota eleitoral cataclísmica. Isto se Cavaco se candidatar, o que me parece improvável, desculpem, porque ele sabe que é inevitável, neste contexto - e recuso-me a acreditar que o PS e o resto da esquerda o desaproveitem-, a derrota.

Manuel Alegre acaba de prestar ao PS mais um excelente serviço. Tenho a certeza de que ele sabe disso, embora acredite que duvide da capacidade do partido para o entender. Até ver, com toda a razão: não se percebe quem aconselha Sócrates, às tantas ninguém. Ou, então, Sócrates quer mesmo perder as eleições presidenciais, também já me ocorreu, mas não disfarça bem...

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