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22.9.05

Homens simples que se apagam

Vi a parte final do Real Madrid com o Bilbau e, logo a seguir, entrou-me o Torres pela casa dentro.
Falo do José Torres, do Torres, do "Bom Gigante". Apareceu-me ali engelhado num sofá, doente, e eu não sabia de nada.
Vim para aqui e fui ao google. Se teclarem José Torres e procurarem imagens, ele não aparece. Há-de haver, mas pesquisando só por "José Torres" não há. Típico dele, nunca foi vedeta.

Mas aparece aqui, o artigo é do Correio da Manhã e é de Maio. De há 4 meses!

Não é por sabermos das coisas mais tarde que nos magoam menos.
O Torres, o homem comprido e simples que passeava na Póvoa, descontraidamente, no tempo escasso em que treinou o Varzim, o tranquilo gigante que comia gelados no "Bianca Neve", ali debaixo do prédio da antiga Sopete, o homem que foi um dos mais belos símbolos do Benfica e da Selecção Nacional, o seleccionador que foi gozado antes de Saltillo porque pedia que o deixassem sonhar, e que foi gozado depois de Saltillo porque há homens tão simples e afáveis que apetece sempre culpar de tudo, porque estão ali à mão, aconteça o que acontecer (são a antítese postural e filosófica dos "Josés Mourinhos" e há modas e tempos para tudo, não digo mais nada para não me acusarem de ser "anti-fashion"), o José Torres parece que já não sabe quem é, nem quem foi.

Mas eu sei. Eu lembro-me. Era miúdo, mas lembro-me muito bem.
Não sei se o Benfica já fez, ou se tenciona fazer, alguma coisa por ele, ou pela família que sofre com ele. Nem me interessa, que José Torres não é só do Benfica, é de Portugal, é uma das memórias dos magriços, de quando eu tinha 5 anos.

Os senhores não sei. Às tantas já sabiam e eu é que venho atrasado, como de costume. Eu vou mandar um e-mail à Federação Portuguesa de Futebol perguntando por ele e pedindo resposta breve.

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