blog caliente.

19.9.05

Histórias pequenas de enquanto andava a aprender (1)

Decidi inaugurar hoje uma rubrica nova, sob o título que já sabem, porque eu pu-lo ali em cima. Isto é para ser uma série, numerada por capítulos, como se faz nos escritos sérios e, mesmo, nos articulados legais.
Se isto se passar como habitualmente, contudo, hei-de esquecer-me rapidamente de "onde é que vai esta merda", que é o que se passa com os "esguichos de besugo", que lhes perdi a conta. OK, estou a armar-me.

Por hoje era isto:

"Era noite de pouca gente e o S.João estava pacífico, à espera da rendição da guarda. Mas nunca se sabia, as noites alongam-se no seu futuro: basta um imprevisto.
Ele entrou, chamei-o, de calças em baixo e pistola na mão. Era impossível não ver o que a descida das calças destapava, era uma coisa vermelha e purulenta. Era forçoso ver a pistola, também. Era preta.
Sentou-se, eu atrás da secretária e do meu medo, ele nervoso e assustador, na sua mobilidade excessiva, na cadeira em frente. Separava-nos um tampo de madeira e a vida inteira, pouca coisa quando há gatilhos metidos ao barulho.
- Que se passa consigo?
- Passa-se isto - apontou a purulência "encarnada". - E não sei se dê um tiro nesta merda se lho dê a si.
Não havia onde me meter. Nem estava lá ninguém. Tive medo. Quando temos medo e não temos para onde fugir, falamos.
- Se eu lhe puser isso bom poupa uma bala. Ou duas...
- Foi aquela puta!
E desatou a chorar. Pousou a pistola na secretária, a noite clareou e percebi que não era preciso chamar a polícia. Que não viria a tempo de nada, de qualquer modo. Excepto do amanhecer, que foi bonito, mesmo sem algemas".

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