Que Estado?
Soube-se hoje que trinta colaboradores (rectius, prestadores de serviços) de uma qualquer direcção-geral do Ministério da Educação foram sumariamente dispensados e impedidos de entrar nas instalações. Hoje também se soube que o Fisco penhorou o valor do subsídio atribuído pela Segurança Social a uma IPSS devedora de impostos, com o qual se pagariam os salários de outros tantos (ou mais) colaboradores da instituição. O nosso Estado é tão burocrata que, por inábil e autista eficiência, não dá nada a uns que não venha, mais tarde, tirar a outros. Ou, até, aos mesmos a quem deu. Operacionaliza-se desmembrado, como se o fisco fosse independente da segurança social, a educação da cultura, as pescas da agricultura, a saúde das prestações sociais. Nós, aqui, não temos um Estado. Temos é muitas repartições públicas, que dão sinais crescentes de mimetismo da rendibilidade empresarial sem que ninguém se tivesse lembrado, no meio do recente parolismo da modernização administrativa, de que seria preciso muito mais do que decidir depressa. Antes disso é preciso saber decidir bem. E, antes ainda, seria preciso que o Estado soubesse ser exemplarmente justo.É por estas e outras que há quem tenha crises de identificação ideológica: é difícil rever o sonho na realidade. Com este Estado, só com cegueira ou alguma desonestidade se pode defender o Estado intervencionista. Arranjem-me um Estado Novo, por favor*.
*Aposto que foi isto que Salazar disse quando chegou a Presidente do Conselho. Valha-me Deus.
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