Blogame mucho: O mundo ao contrário

5.9.05

O mundo ao contrário

Experimente deitar-se de costas, num fim de tarde, sobre pedra de xisto aquecida pelo calor dum dia inteiro. Olhe para as coisas. Pense no que o aborrece e preocupa. E penetre-se daquilo que gosta.

Depois, no dia seguinte, vá trabalhar. E, a seguir, regresse. Naquele estado de bovinidade inevitável. Reveja o céu azul, conforme o viu, de costas, sim, o próprio céu, e escolha:

1 - Quer ouvir um debate sobre o estado da nação, outro sobre o Katrina e suas implicações (e explicações daí decorrentes) na decadência do jazz e na do próprio sul da América "que quase parece a América do Sul" - , deu na SIC, realmente, já não escutava frase tão parva há muito tempo -, ainda um outro sobre as conturbadas relações entre Valentim Loureiro e Marques Mendes...
2 - ... ou prefere reflectir sobre as declarações de Maniche, as ofertas de Fidel, as hesitações de Cavaco, o potencial dos nossos potenciais futuros autarcas, a bicicleta do Piccolino - ou lá como se chama o novo reforço do Benfica -, o rescaldo dos incêndios, "que agora é que vamos fazer estudos a sério, e logo no Chile, vai lá o Tello e tudo, para ver como é que se deve fazer de futuro, para o ano até os comemos... enfim, ate os apagamos!"...
3 - ... ou sente vontade de fazer análise política, uma coisa a sério, meio baseada no tarot e nas conchinhas, desatando a perspectivar os efeitos que teria, sob o ponto de vista da cisão política (e da indústria metalúrgica em geral) uma candidatura de Santana Lopes à presidência da república, não se sabendo muito bem se à esquerda se à direita de Cavaco - isto, caso este último se candidate, como não me canso de desejar, que eu quero mesmo ver o homem a tentar ser presidente da república apoiado por tecnocratas e meio milhão de gajos espertos, vai ser bonito, às tantas vai desiludir os amigos e fazer uma campanha mista entre o "avô cantigas" e o mítico "I had a key, in Africa", não é em África, e também sei que era uma "farm", mas há-de ser no "pocket" que ele tem seja o que for, coitado- ...
4 - ... ou prefere ver um episódio antigo do ER (que mãos amigas lhe deram, toda a segunda série!)?

Eu sei, leitor amigo: tudo menos a 4. Que é para ver se Portugal vai para a frente, não é? Pois, eu sei, para a frente Portugal, eu sei. Mas estou um bocadinho cansado para empurrar, agora. Pode ficar para amanhã? Ou basta tirar a bandeirinha do bolso do casaco e buzinar, no carro? Se for só isso, e desde que não me peçam mais nada... ide lá.