blog caliente.

15.9.05

O direito de saber

De vez em quando tenho de os internar, nem todos podem fazer quimioterapia em ambulatório.
Ultimamente, os mais antigos, andam num diálogo secreto que desvendei há muito mas que nunca me contaram, assim de olhos nos olhos:
- O Taveira? Já terá ido? Estava aí às quartas feiras...
- Não sei... E a Quitéria? Estava com mau ar...

O Queirós e o Ribeiro estavam nisto, sem saber que o Rocha (não falaram nele, foi rápido, não deram fé, ainda) se escoa da vida na última icterícia. Já não fala, sequer, e sangra muito. Está internado na agonia da morfina e da encefalopatia hepática, duas misericórdias, há alguns dias.

Não. Isto trata-se assim, é muito fácil e não dói nada, muito menos a um boi de "bata branca" sem competência nem alma, não é? Daqueles que se julgam donos da verdade, mesmo à hora em que a família janta, digam para aí, andem! Faz-se assim: interna-se o Queirós ao lado do Ribeiro, longe do Rocha. Nem o Rocha os pode ver nem eles precisam de se ver ao espelho, por enquanto.

Puta da "avec", que me chateou. Escusava de vos contar isto e de passar por aquilo que não sou, por uma espécie de cientista das coisas correctas, como há aí tantos, e tão moles.

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