No name song
Tenho andado em baixo, um bocadinho.Um besugo andar em baixo, ainda que só um bocadinho, importa tanto, ao mundo, como qualquer outro patamar em que um besugo ande. Ou como qualquer coisa que um besugo diga. Um besugo é só um besugo. E, se se limitar a nadar pacificamente nas suas pequenas águas, esguichando vez por outra, pode ser considerado, mesmo, um adereço divertido: sem assento baptismal seguro, mas nadando menos mal na pia pia. Sim, foi mesmo isto que eu quis dizer.
Isto não é de agora: o que dizemos vale, para os outros, o que valer o nosso nome.
Aqui não. O blogame mucho pode ter muitos defeitos (agradecia, contudo, que me apontassem um, um honesto e inequívoco defeito que mais ninguém tenha, por aí, entre amigos e senhores arquitectos do futuro) mas não tem estes: não tem falta de sentido nem se apouca na falta de nomes.
Faz sentido ter o blogame mucho enquanto, se um besugo estiver em baixo, houver uma lolita que o conheça bem e que lhe assegure ser, mesmo remexendo-lhe na dúvida, um homem de bem, tolerante e necessário. Faz sentido enquanto houver um alonso que não escreve dias a fio, mas sabemos que vai escrever a qualquer momento, e que telefona a dizer "está tudo bem? eu não tenho tido tempo mas ontem pareceu-me... está tudo bem?". Faz sentido enquanto um besugo souber muito bem quando é que há-de estar calado e quando há-de, toscamente, rabiscar um texto a dizer obrigado. E faz sentido enquanto houver alguém que, de fora, bata levemente para entrar, mesmo que seja para sorrir sem perceber.
Num mundo sem heróis e sem vilões, que cada vez mais se confundem e se anulam, mesmo nas individuais profundezas da alma, se é que existe uma, faz sentido, mesmo, deixar ficar assim, no ar, sem mais química explicativa, por que raio estou assim. Estou assim porque estou. E, disso, sabe quem sabe. Hei-de subir de novo, em breve, porque mereço e mo merecem as pessoas que gostam de mim. Assim sinta, outra vez, força nas pequenas barbatanas.
Quem me não conhece, quem não me quer, que fique bem, também.
Mas, quem me conhece, a lolita, disse que sou um homem de bem. Notem. Sim, era comigo, o exagero amigo ali abaixo. E ser um homem de bem é bálsamo que só aceitamos de quem sabe do que fala, ainda que com a benevolência da candura, que tudo desculpa. Há quem nos encontre brilho mesmo onde sabemos estar baços, foscos, com verdete.
Quando passo dos fundos da raiva e da tristeza, que se confundem muito quando estou na minha cinza, ao elevador da ternura, renovo-me. Apetece-me abraçar pessoas, tocá-las, beijar os filhos, os pais, os amigos, as amigas, toda a gente, desejar-lhes bem.
Há muitas falsificações de Rubens. Mas eu não sou, garanto-vos, nem um Rubens, nem nenhuma falsificação. Há alturas em que me sinto, mesmo, feia moldura da beleza que adivinho. Nos outros? Sim, evidentemente. Onde mais? Num espelho mentiroso qualquer?
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