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25.8.05

Sobre o Ricardo e sobre "mós-de-baixo"

Sobre Ricardo, guarda-redes do Sporting, li isto. Entre outras coisas que tenho lido.
Colocam-se, lá, questões que têm resposta fácil (*).

Como se recupera um jogador?
No caso do Ricardo, não se recupera. Não faz sentido, a pergunta. Ou o Ricardo é, como eu penso, um guarda redes muito bom, embora longe da perfeição, sendo necessário, apenas, ter alguma calma e paciência, ou, estando eu enganado, não é muito bom, nunca foi isso, não havendo, nesse caso, recuperação possível. Porque só se pode recuperar o que já se teve e, porventura, se perdeu.
O que precisa de ser recuperado, portanto, é o senso comum. Já para não ser mal educado e dizer que, o que falta, é mesmo recuperar o bom senso.

Como se pode voltar a ganhar credibilidade?
É difícil, com tantos psicanalistas de bancada. Mas, vejamos: o Ricardo perdeu-a, foi, á credibilidade? Dois erros em dois jogos fazem isso? É que, se é por isso, num deles, o Sporting ganhou. No outro, perdeu, tendo levado um banho táctico, quatro bolas na barra e nos postes, além de meia dúzia de foras-de-jogo mal assinalados à Udinese. Em correndo tudo de feição aos de Friuli, levávamos quatro ou cinco na primeira parte. Foi o erro do Ricardo que deitou tudo a perder? Mas os senhores viram o jogo?
Toda a gente diz, agora, mal do Ricardo e do Polga. Não vêem que é o Beto (e o Sá Pinto, que nem devia jogar, esse sim, e também a lesma do Rochemback, que vale apenas 60% daquilo que os adeptos sportinguistas pensam que vale e é menos de 25% do que ele pensa que é) que encrenca aquilo tudo? É lento, não comanda nem um carrinho de supermercado, só sabe jogar em marcação directa (encostem-lhe um ponta-de-lança da velha escola, daqueles de área, dos que se mexem pouco e lutam muito, e ele joga; agora, avançados a entrar-lhe pelas costas, isso já é mais adeus Maria, adeus Manel, adeus Hermengarda! Ou seja, adeus, Beto!). Jogar em linha, com o Beto, aliás, é dizer adeus a quase tudo.

Saberá Peseiro responder a estas perguntas?
Não sei. Espero que saiba. Começo a ter dúvidas, porque ele não consegue, sequer, vender o Beto ao Sacavenense. E não conseguiu que lhe dessem um ponta-esquerda, nem que fosse o Wender, ou, outra vez, cinco anos mais velho, o De Franceschi. Nem que lhe emprestassem o Hugo Viana, coisa que o Valência conseguiu, essa equipa que perdeu, há pouco mais de uma semana, com a Udinese...
Vamos ver se sabe. Tem obrigação.

Deve Ricardo continuar a jogar como se nada se tivesse passado, ou deve repousar uns jogos e assentar as ideias?
Se se sentir com vontade de jogar, se tiver ânimo para isso, deve continuar a jogar. Não temos lá melhor. Não vai conseguir jogar como se nada se tivesse passado, mas, se ele se sentir com força e vontade para jogar, a melhor e mais rápida maneira de isto passar é... jogando. Se ele confessar que tem receio, então não. Mas ele que diga. Depois de lhe dizerem que continuam a contar com ele, ele que diga. Se não quiser, nestas condições, está bem, ponham lá um dos outros, que não são melhores que ele, digam o que disserem.
Mas atenção: se o Ricardo for retirado agora, só voltará por falhanços alheios. Eu sei que eles não tardarão, que o Nélson e o Tiago (sobretudo este) têm defeitos, também. Mas, regressando sobre o erro alheio, Ricardo voltará por baixo, como "mal menor". E não se ganha nada com isto.

Pensem no Quim: titular indiscutível do Braga, parecia mesmo que seria titular no mundo inteiro, vai-se a ver e nem no Benfica é, não é assim? Se quiserem, colquem a mesma hipótese para o Marco Aurélio, que todos os anos "devia ir não sei para onde e nunca vai", ou para o Baía, que em Barcelona ficou conhecido pelo "mãos de manteiga", roçou os calções pelos "banquillos de toda Espanã" e, depois disso, ganhou vários campeonatos pelo Porto.

Com que tranquilidade pode o guarda-redes do Sporting assumir, por exemplo, os próximos 90 minutos do Funchal?
Com pouca tranquilidade. Mas não pela sua actuação contra a Udinese, bolas, aí teve um erro que deu um golo, num jogo que ficou 2-3 e podia ter ficado 3-8. Intranquilidade, sim, por causa do Beto (o Polga deve ficar possesso, por isso barafusta, só de ter de jogar ao lado do pior defesa central que eu já vi jogar no Sporting, Hugo incluído, este Beto que agora é capitão, ainda por cima) e daquele meio campo lento que temos, incapaz de acelerar a atacar, desesperante a fazer marcha-atrás, quando toca a defender.
O último frangueiro carismático que eu vi na baliza do Sporting, antes de ti, Ricardo, chamava-se Schmeichel. Era cada perú, não era? E bons frangos deu o Vítor Damas, também, esse grande e saudoso senhor guarda-redes, cuja morte chorei tanto.

Deixa-os falar e joga, Ricardo, que isso dos erros não nos impediu de ganhar o campeonato em 2000.
Por mim podes dar mais 20 frangos esta época (que não dás e, se deres, só um ou outro será importante), que eu não mudo o meu discurso, mesmo que fiquemos em quinto ou sexto lugar, embora possa chamar-te nomes durante os jogos, desculpa, mas ao menos não me ouves, que estou no sofá de casa em 90% da época.

Vamos ganhar ao Marítimo, Ricardo. OK? Diz aos teus companheiros que, em lugar de virem a terreiro defender-te, no fim dos jogos, o façam dentro do campo, enquanto a bola rola. Que marquem golos, que defendam bem, que corram e saltem mais e melhor que os outros. A ver se não é tudo tu, tudo tu.
E tu, Ricardo, limita-te a fazer o mesmo: força, rapaz!

(*) - Fácil: tudo aquilo que conseguimos fazer se não tivermos grandes handicaps e se nos parecer que sim, que não temos, independentemente de quem ache o contrário.

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