Agradecimentos e
A lolita tem razão. Foi ontem. Dois anos parece muito tempo, mas não é. Depende da maneira como se está no tempo e, algumas vezes, como deixamos o tempo estar em nós. E do acaso, do desconhecido, claro, que nenhuma equação faz sentido, como proposta, se não incluir, ao menos, uma incógnita. Uma equação desprovida de incógnita pode ser uma útil tabuada, mas mais nada.Realmente, pensando bem, eu nunca disse que não era ontem. Não me lêem, é o que é. Eu não mereço mais que uma leitura apressada, estou de acordo. Não merecerei, sequer, isso. Mas a minha falta de mérito não me impede de ir sabendo, a cada passo, o que quero dizer. E o que digo. E nunca disse que não era ontem.
Que mais faz?
Bom.
O aniversário dum blogue não é como o aniversário das pessoas que o fazem, ao blogue. Quero dizer: não é o aniversário das pessoas, é só o aniversário duma coisa que as pessoas fizeram.
Pensando bem, vai dar na mesma coisa. Somos nós que, tirando o episódio do nosso nascimento ("andastes na brincadeira, aqui há muito atrasado, hem, cotas?"), estabelecemos os nossos marcos. E as nossas marcas, por ténues que sejam.
Por isso, duas coisas.
1 - Muito obrigado à Bomba Inteligente, ao Tugir, ao Espumadamente, ao Vilacondense (sempre com um dia de avanço, estes anti-sportinguistas primários) e a alguns outros que, eventualmente lendo-nos, se tenham lembrado de nós. A lolita disse-me que consegue, lá em Madagáscar (onde está de férias com a Iva Pamela e o Jorge Gabriel), aceder ao "tequenorate". Eu não consigo, de maneira que me pode estar a escapar algum. Espero que esteja, por motivos óbvios. Ela suprirá essa falha, se ela existir. E acrescentará o que me falta. Há pessoas com esse poderoso poder de corrigir.
2 - Peço desculpa a todos os blogues que não felicitámos na altura do seu aniversário. Não foi por mal, pode ter sido por ignorância. Ou negligência. Mas não foi por mal. E pode, até, ter sido, por um motivo mais pueril e plausível do que estes: pode ter sido por, ignobilmente, embora com a desculpa de termos a certeza de que "isto é geral", gostarmos mais de escrever do que de ler.
O que, admito, faz de nós uns biltres com tendência paa o autismo intelectual. Cuido, mesmo, que a lolita há-de acabar por reler as "Selecções do Reader's" enquanto se "encaipira". E eu por... eu, a bem dizer, nem sei.
Vi o "E.R.", na 2. E, a seguir, a "Educação do Max qualquer coisa".
Há fimes, séries, que condensam tudo, por serem muito rápidos(as). Mas há, ali, beleza. Compete-nos separar as partes rápidas demais, as que nos transmitem inverosimilhança, em pequenos pedaços de tolerância e beleza avulsa, separada, verosímil. As coisas passam-se, geralmente, mais devagar, mais desprovidas de ligação imediata, menos intensamente. Mas passam-se. Antes de passarem, as coisas passam-se.
No E.R., Green tem pouco tempo de vida. Tem um tumor no cérebro, que é o coração da alma. Green é o internista da série, aquele que mais podia ser eu. Namora com a cirurgiã inglesa que está a responder por suspeita de negligência, num caso que custou a possibilidade de andar a um doente que operou. Ela mentiu: sabe, agora, que podia ter feito melhor. Que devia. Mas mentiu, porque sabe que essa sabedoria tardia lhe pode custar caro. Muitíssimo mais caro do que ela merece. Ela sofre, e não se devia punir demais quem sofre, quem sofre já detém a parte pior da punição. Isto aplica-se ao homem que perdeu o andar? Também. Claro.
Ela sofre, mas Green não resistiu e contou-lhe que está fodido, na mesma noite em que ela precisava dele, sobretudo, para a assegurar (a ela) que não estava fodida. Mas ele não resistiu e contou-lhe. São diferentes tipo de foda, as fodas são todas diferentes, mas uma coisa é certa: são sempre definitivas, ao menos durante algum tempo. Geralmente, até à próxima, em havendo tempo, vontade e ocasião para prosseguir. No caso de Green vai ser por pouco tempo.
A ocasião faz o ladrão? Não. A ocasião mais não faz, geralmente, que o que tem a fazer. Há uma vantagem suprema da ocasião sobre os homens e as mulheres: os homens e as mulheres nem sempre fazem o que têm a fazer. A ocasião, em a deixando à solta, tende a cumprir-se. Quase sempre.
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