blog caliente.

29.8.05

De partida

Esta é a última noite das minhas férias. Jantei assistindo a uma festa de inspiração marroquina em que os homens se vestiram de palhaços e as mulheres aproveitaram para imitar odaliscas. Enfim, nada além do que é corrente - aposto, aliás, que a Casa do Castelo e o T-Club promoveram festas parecidas, daquelas em que todos se vestem de branco, de vermelho ou, até, de bombeiros a apagar incêndios, que o Verão está (esteve) aí e o que interessa é que a malta se ria muito em festinhas trendy em penhor das quais afanosamente combateu a banha acumulada nas estações mais rigorosas.

Amanhã, recuperada e saudosa, percorrerei as duas mais famosas e saturadas autovias portuguesas, a caminho de casa e de tudo. Que aqui não há tudo, há só sol (e amêijoas), aqui eu não pertenço nem tenho nada. Por outro lado, sabem-me bem os fins de férias, da mesma maneira saborosa com que me sabem os inícios. Desolada, capacitei-me, na minha atávica lusofonia, de que é mesmo verdade que ninguém sabe ao certo o que é Portugal: cansei-me de ouvir ingleses com pronúncia "cockney" a explicar aos filhos que "the portuguese people speak portuguese, son", como se precisassem de memorizar factos que lhes parecem pouco claros às evidências geográfico-linguísticas que ensombram países cuja possível glória se dilui em incêndios, secas e inoperâncias ancestrais. E eu, ora, não é para isto que vim de férias: para que me reavivem verdades duras.

Já sei dos candidatos. Sei, até, que Louçã está na pole-position. E que Sócrates voltou de férias antes de mim.

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