blog caliente.

31.7.05

Eu gosto mesmo disto

Já agora (que é como quem diz "mamai mais esta") vem-me a talhe de foice (e não "talho de foice", para não haver aqui converseta sobre carniça) a diferença fonética entre o que diz um vilarrealense e o que diz, no mesmíssimo comprimento de onda, um bragançano ou, em alternativa, um tipo de Mirandela ou de Macedo de Cavaleiros. Não sei como se chamam os habitantes desses pequenos lugares pitorescos donde nem sequer se vê o Douro.
Minto, sei como se chamam alguns. Confesso.

Bom.

Para um vilarrealense não há ovos. É uma maneira de dizer, pronto. Mas, no fundo, não há. Os ovos, aquelas coisas ovais que são desfechadas - com maior ou menor violência - por galináceos cus, para um vilarrealense são umas meras coisas revestidas de calcário frágil, que servem para fazer omeletas, com muita cebola e salsa.
Não ligam aos ovos, os habitantes de Vila Real, mas sabem-lhes o nome: se tiverem um no frigorífico, têm lá, exactamente, um ovo. Lê-se "ôvo". Se tiverem dois, têm dois ovos. Lê-se "óvos".

Já um trasmontano puro e duro, daqueles que saem para Espanha "por Zamora" em lugar de ser pelos outros sítios civilizados, um trasmontano desses (olá Mirandela, olá Macedo, viva lá Bragança e Vila Flor!), perante um ovo, em tendo de o nomear, chama-lhe "óvo". Se tiver dois, tem ali dois "ôvos".

Há, em Portugal, muita gente engraçada. O que justifica certas coisas e, não justificando outras, não me impede de vos prestar o que vos sei prestar: serviço público permanente.
Leia-se, claro, "permanãinte".

View blog authority