blog caliente.

30.7.05

Ladies in Lavender


Uma brisa, vinda não se sabe de onde e que desaparece tal como veio, passa por duas mulheres cuja maior parte da vida já se esgotou e atravessa-lhes as almas. As mesmas almas livres com que nasceram, sedentas de vida e busca, de desejo de caminhar sempre adiante até que um fim as trave. Aquela parte pura e intemporal da alma que se pensa ser a que nos vem de termos sido pequenos, mas que, afinal, morre ao mesmo tempo que nós.
Pela voz de um violino, recordam-se de si próprias. A brisa, que não percebe ninguém nem se faz entender, fala através de um violino. E, sempre que o violino fala, recordamo-nos de nós, dessa parte de nós que nos guarda, invioláveis de tudo. A parte da alma em que guardamos os segredos do que amamos sofrendo. Ou do que sofremos, amando.

As extraordinárias Judi Dench e Maggie Smith são as duas mulheres, as sisters of mercy que vagueiam nos meandros de si próprias enquanto ouvem o som de um violino. De corpos cansados, mas com almas que correm, de tão vivas.

Adenda: a Carla também viu o filme. E eu também gosto mais da Maggie Smith...

View blog authority