Panadóis
Por acaso gosto de farmácias. Quero dizer: não é dos sítios em que gosto mais de estar, mas não se está lá mal, sobretudo se formos buscar remédios para outra pessoa, não estando em causa doença nossa.Quando, aqui há uns tempos, recebi uma missiva proveniente da minha Ordem, a dos médicos, solicitando reenvio de cupão em que se perguntava, mais ou menos, se "é o colega a favor da venda de alguns - os tais, os "panadois" - medicamentos fora das farmácias?", um papelucho que vinha, ainda por cima, com quadradinhos para pôr uma cruz, pensei: está tudo doido. E deitei-o fora.
Como médico, não tenho nada que me pronunciar sobre isto. É bacoco e quase perverso que a Ordem dos Médicos dirija aos seus inscritos uma pergunta destas. Isto é uma questão de cidadania, não é uma questão de "vendettas" entre Ordens e Bastonários, médicos contra farmacêuticos. Não se discutem "ganhuças", se as houver, entre Ordens. E logo estas, calha bem!
Bom.
Sobre esta questão da "venda livre" (chamemos-lhe assim para facilitar) , como médico, digo o seguinte, para já: a intoxicação por paracetamol pode ser muito séria. Se decidirem vender "panadóis" nos hipermercados, certifiquem-se de que está lá alguém, ao pé dos "panadóis", a aconselhar o consumidor (porque passará a tratar-se, apenas, dum consumidor, não dum doente) a não exceder as doses de segurança.
Os "panadóis" não atacam o estômago mas no Reino Unido já se transplantou muito fígado à conta de facilidades destas.
Tenham cuidado. E atenção, ninguém me paga para dizer estas coisas. Nem outras. Eu é quase sempre à borla.
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