aquorofilias I
Há sempre uma primeira vez para tudo. Precisei de umas dezenas de anos de vida para ser insultado por um teleósteo esparídeo! A bicheza anda amarga, o que é normal para quem vive num aquário a que os terráqueos chamam “hospital” – uma espécie de recreio consentido ou jardim de infância para micróbios e outros óbios, que até ali são transportados por uns hospedeiros “chatos” chamados “doentes”! A verdade é que sempre que visito tal aquário, a única coisa que me alegra é aquela variante terráquea que se desloca simplesmente tapada por uma bata branca e translúcida, normalmente bem caracterizada, habitualmente com fios dentais, ou talvez não, passíveis de grandes turbulências imaginativas… digamos que uma espécie de “douradas tropicais” no meio de um sem nº de guppis e espadas – chamam-lhes “enfermeiras”! Esse sim, parece-me ser o segredo do espírito curativo dos internamentos. Digo eu, não sei… (disformidades de um homem livre e pobre, até porque não há ricos livres…)Entretanto, chegaram hoje ao terreiro os homens fortes do governo – aqueles que assinam e decidem, protegem e opinam, escolhem ou rejeitam as obras e as atitudes – são os secretários de Estado! Há por lá uma rapaziada nova que me parece agradável. Bamos Ber.
Post-Scriptum:
(para já, o março de hoje está cinzento e escorrega-nos pela pele do olhar à mesma velocidade com que os bestigos deslizam pelos socalcos do tempo, numa espécie de caligrafia esborratada sobre a folha de rio; tudo isto é mais verdade do que a inutilidade de alguns telhados vestidos de novo, espreguiçados até à borda da água – juro.)
<< Home