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15.2.05

Paz na Terra

Andei a ler, quase ao acaso. Fala-se aí muito de Lúcia, a idosa ex-pastora reclusa que se libertou. Morreu, libertou-se ao menos da vida, que já lhe devia ser penosa. Se estiver enganado, se ainda a vivia com gosto, desculpem: terá partido cedo demais.

Não sei mentir: não me lembrava da sua existência, da de Lúcia, há muitos anos.
Tenho fé noutras coisas, claro, a minha dose de irracional preenche-me suficientemente. Mas não acreditei, nunca, nas aparições. Nem no resto, à volta, antes e depois. Mas tenho imensa, infinita pena de mim, por mais esta lacuna, que me faz sentir, tanta vez, desamparado. E só.

Lamento que Lúcia tenha morrido como lamentaria qualquer morte não apetecida, em vida, por actual e eterno cadáver que não tivesse conhecido. Lamento não conseguir mais que isto, também. E receio não vir a conseguir muito mais.

Gostei de ler, aqui, um bom exemplo de genuína, pedagógica e fina candura intelectual. Um dos melhores exemplos que nos podem dar, depois de sabermos da morte de mais um velho, quando têm morrido tantos a quem nunca apareceu ninguém. Nem mesmo em pequeninos.

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