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12.2.05

A festa estava boa, a gente entusiasma-se...

Nuno Fernandes Thomaz é o cabeça de lista do PP pelo círculo de Santarém. Percebe-se, ouvindo-o falar, que podia ser cabeça de lista por outro círculo qualquer, ou mesmo por nenhum. Mas vai por Santarém. E por três fortes motivos: vai, às vezes, a Fátima, frequenta umas toiradas e tem lá, em Santarém, alguns amigos.

Quem sustentasse que poderia constituir-se de alguma importância a existência de outro tipo de laços entre um cabeça de lista por um qualquer círculo eleitoral e esse mesmo círculo eleitoral, nem que fosse ter lá passado, por exemplo, mais que duas férias da Páscoa em dezoito anos, levou forte ensinadela de Fernandes Thomaz. Um pedagogo esconde-se por detrás dum bom tribuno, isto é consabido.

Indo mais longe no seu desapego por certo tipo de ninharias, o promissor cabeça de lista veiculou, ainda, o seu afirmativo desdém por eventuais laços entre aquilo que uma pessoa anda a fazer e o seu conhecimento sobre aquilo que anda a fazer.
E foi arrasador no exemplo que fez ribombar nos altos céus ribatejanos: "eu, quando fui para a secretaria dos Assuntos do Mar, também foi assim, ao calhas: disso do Mar, o que sabia era que gostava de praia e de andar de barco!"

Este desassombro fica bem e seduz, sobretudo vindo de quem vem e afirmado assim, elegantemente. Eu explico:

1 - Quanto aos chamados "laços de origem, permanência ou já por lá passei", fica a gente confortada, via Thomaz, na certeza de que vivemos num mundo cada vez mais universalista, em que, praticamente, só os habitantes de Canas de Senhorim, alguns adeptos do FCP e, eventualmente, Manuel Monteiro, se sentem amarrados a peias regionalistas totalmente ultrapassadas pela modernidade evolutiva dos nossos dias.
2 - Já quanto aos outros laços, aqueles que Thomaz mais repudia, aqueles laços dispiciendos entre a afirmação "eu vou para ali fazer aquilo" e a explicação "porque sei, de facto, fazer aquilo", estes laços, assim quebrados de forma luzidia por Thomaz, relançam-me na vida. Eis-me de volta.

E quero ser, evidentemente, secretário de estado das obras públicas.

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