As enxaquecas são nossas amigas
O besugo, que gosta de se afirmar anti-fascista, falou ali em baixo sobre as mulheres que têm licenças de parto e enxaquecas. Com o sentido prático que lhe é próprio, defende, por isso, que mais valia ficarem em casa.Ora. Mas que generalização intolerável. O besugo esquece-se que, ainda hoje, no auge do pós-modernismo das reivindicações feministas, ainda há profissões que são exclusivamente exercidas por mulheres. Coisas que só as gajas fazem, enfim: tricot, crochet, bordados, costura, docinhos e outros lavores. Profissões socialmente úteis e imprescindíveis. E para as quais nenhum homem teria habilidade. Quem te coseria uma baínha, ó besugo, se nenhuma mulher trabalhasse? Quem te passajaria as meias, se todas as mulheres reclamassem o direito à enxaqueca?
Bom. Isto é assim, é a ordem natural das coisas. E note-se: assim como há profissões essencialmente femininas, também as há essencialmente masculinas: trolha, sapateiro, canalizador, lixeiro, maqueiro, enfim, todas aquelas que não envolvem mais do que força braçal. Alguém tem de as exercer, pois! E nenhuma mulher está para isso.
(Custa-me a escrever, hoje; parti uma unha, o que me obriga a escrever com o anelar, em face da incapacidade temporária do indicador. Amanhã de manhã, lá terei de telefonar para o trabalho, recorrendo à enxaqueca.)
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