Restos de ontem
O dia amanheceu cinzento como de costume. Se estivesse sol, amanheceria ensolarado. Pois, eu sei, isto é importante e inevitavelmente parvo.Morreu gente, nasceu gente, o estágio do Sporting prosseguiu.
Deu um programa na 2, sobre a SIDA, as mulheres com SIDA, muito bom.
Há pobres e ricos. Na mesma. Doentes e outros que ainda não.
O meu filho mais novo vomitou e estive uns minutos sem saber que lhe fazer. O mais velho foi perder 22-19 com o Fermentões e voltou estranhamente satisfeito: diz que cá vão ganhar. Fizeram isso ao Fafe, por isso deve ter razão. Com o ABC e o Francisco de Holanda é que vai ser mais difícil, nesta gesta de durienses pelo Minho.
Por falar em Minho, abriu-se uma estrada nova para mim: chego ao trabalho em 18 minutos, em lugar de ser em 35. Isto, em Trás-os-Montes, é um Minho verde.
Como vai ser agora? Portas era e é um dos homens públicos mais odiosos que já vi. É a minha opinião, não gosto dele.
A minha satisfação pela dissolução do Parlamento esgota-se, para já, nesta consequência linda: Portas, o homem mais detestável que já vi em quatro décadas de vida, há-de ir-se embora.
Sei que não aumentámos a nossa riqueza, nem a nossa dimensão social, nem sequer nada, com a decisão de ontem de Jorge Sampaio. Nem sequer a discuto, à decisão, na base de "então, só agora?", como alguns fazem. Não me importa isso. O futuro há-de construir-se, bem ou mal, consoante o nosso talento, a nossa sorte, a nossa capacidade de sentirmos vergonha.
Santana (Sócrates, ouve um conselho ligeiro: em campanha, anula a vntagem que ele tem sobre ti, que é olhar nos olhos e ter voz profunda, os teus conselheiros que te ajudem) ameaçou desafiar quem lhe chamou incompetente: estertores de teimoso, previsíveis, que se entendem. Vai fazer isso devagarinho, lá para dentro, muito depressa cá para fora. Nem ligo. Que raio de virtude pode sair dum delírio? Nunca se sabe. A "virtual politik" é desdenhosa e descarada. Note-se, contudo: vai fazer o que é inevitável que viesse a fazer, sobretudo desde que começou com a estória da incubadora, logo que percebeu que lhe ia acabar o "aconchego". É normal. Para já, como disse, nem ligo. A ver o que diz Cavaco. A esse ligo. Mas pouco, para já.
Agora nós, Portas, manhoso clandestino do nosso navio, quero que tu te sufragues! vai lá sozinho, desafiar o País a dizer-te a verdade. E ouve-a. E que sofras com isso.
Não sofre, para nos doer a coluna vertebral é preciso tê-la, antes de mais.
A minha única alegria, para já, é saber que talvez Portas e quejandos não voltem a ter lugar em sítios que não enobrecem, antes apoucam, com a sua presença.
Sinto, apenas esta alegria, para já.
Que o Sporting me dê outra alegria, mais logo, que eu depois vou pensando no resto, à medida que o resto me for chegando.
Acreditem, para já... mais nada.
<< Home