Messias
Pacheco Pereira é um homem lúcido. Facilmente identifica nas personalidades de Santana e Portas a sua (deles) suprema aspiração: o culto da (sua, deles) personalidade assente na subjectividade do líder. Sim, que líderes, cada um na sua quinta (e, se quinta comum houver, vamos a ver quem liderará), são agora eles, "ambos os dois".No entanto, de 1974 para cá, a cultura do eu recomeçou com quem? Com Cavaco Silva. Eu componho, a ver se se entende melhor: a cultura "desenvergonhada" do eu, na governação, recomeçou com Cavaco. Desde a campanha eleitoral que fez na altura, centrada na sua ideia de si para os outros, (ele ali magérrimo, montado num tractor), até ao "deixem-me trabalhar" dos seus tempos de primeiro ministro acolitado por Leonores e afins. Era tudo "ele".
Não dissocio Cavaco, neste particular, destes dois simulacros de gente de bem que agora aqui temos empoleirados nas nossas cadeiras. Excepto pelo facto relevante de achar (como sempre achei) que Cavaco, ao contrário de ambos, é mesmo gente de bem.
No entanto, pela pequena similitude que lhe encontro na propensão messiânica, não apoiarei Cavaco, nunca, em nenhuma candidatura sua.
Fora do âmbito dum condomínio, evidentemente. Aí, talvez. Mas, mesmo assim, para o apoiar, terá de se candidatar ao condomínio dum prédio em que eu não more.
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