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14.9.04

Alonso, companheiros, família, amigos, blogosfera, povo:

O alonso, de preocupado que anda com a discussão doméstica sobre "a mais adequada adequação" dos impostos ("à cabeça", " ao corpo" ou "à cauda" da cadeia de consumo?), de irritado que se sente com o facto de, podendo ter escolhido um Ferrari, ter optado por um Porsche Cayenne, o alonso, dizia eu, resolveu implicar com o pobre Carl Sagan.

Ora, o Carl Sagan disse (ou citou) isto:

" Dois dos mais fervorosos arautos do pró-vida de todos os tempos foram Hitler c Estaline — que logo que chegaram ao poder criminalizaram o aborto, até então legal. Mussolini, Ceausescu e inúmeros outros ditadores nacionalistas fizeram o mesmo. É claro que isto não constitui por si só um argumento a favor da escolha, mas é, pelo menos, um alerta para a possibilidade de a posição contrária ao aborto nem sempre ser sinónima de um profundo respeito pela vida humana."

Bolas, este alonso desconfia tanto de tudo e de todos que até das boas intenções do falecido Sagan (e das minhas, eu ainda percorrendo um caminho que espero seja longo e feliz até atingir o nirvana da página de necrologia regional) desconfia! O homem disse só aquilo, aquela inocência que ali está, em itálico! Ele aponta, de forma cristalina, a perversidade da inversão de posições dos dois excelentes senhores. Dos quatro, aliás! Que há ali que te transtorne, alonso?

E mais te digo, meu teimoso amigo: quem tem razão, como sempre, é a tua mulher. Tu penetra-te do teu ponto 16 e que a virtude nele contida te perfure essa cabeça obstinada de jurista empedernido (para quem não conhece, a mulher do alonso é só jurista, não há ali vestígio de "empedernimento").

E, isto, eu nem me dou ao trabalho de justificar: sei ter uma aliada incondicional nesta verdade dura como punhos que aqui te arremesso!

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