Respeitos de besugo
E pronto, já está, já se sabe. É com a Grécia que vamos jogar a final do Campeonato da Europa. Da Europa toda, que o "Euro" é apenas o cume duma montanha alta de sopé muito grande. No cume, lá no alto, é que vai caber só um. E, ou são os gregos (os grécios, como diz um dos senhores do Mundo Inteiro), ou somos nós. Duas civilizações antigas, a deles muito mais antiga e "eclética", a nossa mais de anteontem, toda feita de "lusitana paixão" e mar, como que brincando, à desgarrada, com as civilizações e os civilizadores dos hodiernos costumes. Os mais pobres, os mais zombeteiros do progresso, na final: que brincadeira linda!Não faltarão especialistas, por essa Europa fora, por esse Mundo fora, a explicar, de forma semi-pragmática, que esta Final, se calhar, por ser assim, não vale. Provavelmente serão os mesmos que disseram, aqui há pouco tempo, que o Porto nunca poderia ser campeão europeu de clubes, porque havia aí os galácticos, as equipas inglesas, o Bayern e o Milan. Tontos. Tontos desprezadores de Gençlerbirligis. O que eu vociferei, nesse dia dos turcos! Muito bem, eu páro.
Atenção a três coisas, por favor:
1 - Como sempre, creio firmemente que vamos ser nós a ganhar. Eu creio sempre, mesmo quando estou contrariado, triste ou preocupado. Tenho associada à carga genética de ser português a carga "fatal" de ser do Sporting e, mais ainda, a de ser o besugo. Parece que ando sempre a jogar "às deixas", uma espécie de líbero "livre pensador", sempre atreito a apanhar cartões amarelos, vermelhos, furta-cores, por faltas de jeito que nem reconheço. Mas aguento-me à bronca. Eu digo isto: atenção aos gregos, respeito pelos Gençlerbirligis de todo o mundo. É sempre quando são temperadas de respeito que as vitórias sabem melhor. O respeito devia ser obrigatório, na vida toda. Mas como não é, que seja uma "facultativa obrigação", ao menos no domingo. Vamos ganhar-lhes bem, com segurança, porque sabemos que os melhores da Europa, provas dadas nos campos da sorte e do talento (que o futebol é um jogo, não é só um jogo, mas é um jogo!), somos, para já, nós e os gregos. Mas no domingo, no domingo, caramba, se nós quisermos e pudermos, seremos só nós.
2 - A nossa equipa trabalha, joga, esforça-se, sua. Não há qualquer comparação entre os sucessos da nossa equipa, que é boa e lutadora, (é só futebol, está bem, e daí?) e a elevação ao sétimo céu da "virtual politik" do nosso ZMDB: não confundam um jogo a sério (tudo o que há para mostrar, mostrado ali! mostrado, sim!) da EuroBola com uma partidinha engravatada de "squash" disputada na "playstation" da política europeia. Vai com os deuses menores que te sustentam, ZMDB, vai lá. É muito diferente, menino. Todos sabemos que vais fingir ser um Pier-Luigi Collina sem cartões no bolso e sem apito, brinca-brincando. Vai.
3 - Pinto Leite é um nome que associo à imagiologia diagnóstica e de intervenção. Deformações de médico do norte. Mas há mais tipos com esse nome. Hoje, um homónimo e cerebral militante do PSD, assemelhou-se a um pequeno Ganges. Extravasou as margens do seu leito e, para quem o quis ouvir, jorrou semelhanças entre as mesquinhas desavenças que incendeiam o seu partido (que ele nega) e a desgraceira que seria se os jogadores da selecção nacional se zangassem, agora, uns com os outros! Que desgraça para o País, meu Deus! E, sobretudo, que brilhante comparação! De Pinto Leite brotou uma pérola que cintila à luz do seu fulgurante pensamento: a selecção nacional é apoiada e querida, segundo Pinto Leite, apenas pela minoria que ainda nos governa. Que toda ela se revê, pelos vistos, nesta grotesca semelhança, isto "by Pinto Leite entusiasmado"!
Deixem lá. São esguichos de besugo. Retenham ao menos isto: vamos ganhar à Grécia, pronto, mas só se os respeitarmos é que ganhamos. Aposto.
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