O baronete
Acho curiosos os elogios ao Rui Rio que li no Mata-Mouros e no Homem a Dias. Como se ele agisse sob uma motivação clara e determinada de abalroar indelevelmente a corrupção, a promiscuidade do futebol e da política ou sei lá o que mais que nos faça (ou a quem entender fazê-lo, aliás) deificá-lo no trono do idealismo político ou de um visionarismo -ainda incompreendido - com que corajosa e intrepidamente enfrenta os barões do Norte e respectivas quintas e poderosas quintarolas, estas no caso do Pinto da Costa.Não consigo ver-lhe nenhuma dessas virtudes. Nem sequer na perspectiva de um anti-herói que, ainda que de forma atropelada, se entrega intrepidamente a qualquer desafio, o que lhe emprestaria um interessante perfil épico. Até hoje, Rui Rio não ganhou nenhuma das guerras que comprou, algumas delas justas e necessárias, como a do plano urbanístico das Antas. O estardalhaço com que avança é proporcional à palidez com que recua, ao perdê-las. Abrindo fatalmente caminho para a politiquice de vão de escada, descredibilizando-se, apalhaçando-se. Veja-se o ridículo de não estar presente em qualquer evento que se relacione com o FCP, aliás, com o Pinto da Costa. Sem que o pudesse evitar, ou quando já era tarde de mais para isso, tornando-se apenas mais uma vítima da patetice da cosa nostra pintodacostiana. O fenómeno Rui Rio só veio atolar mais a política nortenha, já de si suficientemente rústica, no pato-bravismo atávico que impede a região de se credibilizar. Agora o país conta com mais um espalha-brasas nortenho, sedento de amesquinhado poder e protagonismo, para achincalhar (com grande pena minha, com alguma razão) os cromos da futebolítica (ou polítibola) do Norte. Não me convencem estardalhaços inúteis e muito menos me convence a inexistente obra feita. Rui Rio já conseguiu o possível: ser lembrado, dentro de uns bons anos, pelos portuenses. Missão cumprida, presumo eu. A possível. Que venha o próximo.
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