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8.11.03

Leituras. E o que faz o tempo.

Li, aqui, que o Professor Sobrinho Simões defendeu que as propinas no curso de Medicina deveriam ser mais caras, para garantir qualidade ao curso.
Recuso-me a acreditar que o Professor Sobrinho Simões, que, muito antes de ser um mediático e excelente investigador do cancro gástrico, foi um brilhante assistente do Professor Daniel Serrão, consiga defender esse “silogismo” perante uma assembleia dos seus antigos alunos.
O Professor Sobrinho Simões, anatomopatologista excelente, filho do temido (mas também respeitado) Professor Sobrinho Simões, de Química Fisiológica (foram contemporâneos na docência), sabe perfeitamente que ensinou algumas pessoas boas. Que nunca pagaram (nem pagarão) o curso que fizeram, da mesma forma que o Professor Sobrinho Simões não poderá negar, se for sincero como era em 1983, a evidência da sua dívida a quem, sem pagar “merda que se visse”, abrilhantou a Faculdade de Medicina do Porto nesses anos pós PREC, em que tudo se discutia. Ele pode não se lembrar deste besugo, mas tem obrigação de se lembrar do Manuel Joaquim, da Teresa, do Ricardo, do Wynck, do Zé Pedro e do Zé Artur, do Bartolomeu (que também já morreu), de muitos outros que, ele sabe muito bem, lhe emprestaram brilho à docência. Ele sabe bem que foram bons cursos de Medicina que ali se fizeram. Ainda não vi melhores produtos, desde essa altura. Muito menos recentemente. E o Professor Sobrinho, que anda por cá como eu ando, não me diria, caso me ligasse, seguramente, o contrário.
Se resolvesse parar para pensar, como nos recomendava quando, em exame, nos instava a “diga lá então o que vem a ser isso da inflamação...”, o Professor Sobrinho aplaudiria o barnabé. A mãos ambas.

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