blog caliente.

25.11.03

Confissão

Antes de mais, sou bem mandado. E como me mandaram escrever aqui estou eu, escrevendo.

Tenho que explicar melhor as razões do meu silêncio: não é tanto a angústia de os meus clientes não tirarem as peúgas quando me consultam (a mim angustia-me é saber que as clientes do besugo tiram as peúgas ... e o resto. Pobre besugo ... ).

Assim, passo a explicar a minha crónica falta de assunto digno de Vexas. E confesso, mortificado, que não tenho televisão em casa, desde o início deste ano de 2003.

Melhor: eu ter televisão até tenho. Mas não está ligada ao mundo, nem por cabo, nem por antena. Aliás, nem está na sala em que o cabo poderia ser ligado. Está noutra divisão, acoplada a uma PS2 (que, para quem não sabe, é também um leitor de DVD) e a um VHS. Tenho ao longo deste ano, graças ao "público" ou ao "DN", aumentado exponencialmente a minha DVDteca. E já tinha uma apreciável colecção de filmes em VHS.

Assim, quando chego a casa, normalmente tarde, janto e: a) jogo; ou: b) vejo um filme.

Com tudo isto, tenho perdido, sem pena nem remorso, as bocas da MMG, o relinchar da TG, as boçalidades do PC, as vaidades do MRS, os sofismas do JPP, o sorriso sonso do nosso PM, e até o olhar furtivo para as câmaras a que o PP não resiste quando diz qualquer coisa que acha que é um "sound byte". Não vi as inaugurações dos estádios do FCP, do SLB ou do SCP. Não vi a GNR partir para o Iraque. Não vi o debate sobre se há ou não há falta de médicos em Portugal. Não vi, e não vejo.

Sirvo-me do meu "Público" diário e por vezes da TSF para ter uma ideia do que se passa no mundo. E é no blogamemucho que mantenho a minha dialéctica mental activa (discordo de tudo o que escrevem, salvo evidentemente aquilo com que concordo).

Não pensem que é uma atitude deliberada ou uma postura de protesto assumida com radicalidade. Foi por acaso. Mudei de casa e quando mudei estive uns tempos sem me instalarem o cabo. Quinze dias, talvez. Mas chegou para perceber a falta que faz a ligação ao exterior daquele electrodoméstico. Muito pouca. E se ele servir para ver filmes e jogar, aí está uma excelente forma de o utilizar, sem se ser intoxicado por programas, notícias e concursos que estimulam menos os neurónios do que um balde de tinta usado.

Porque o balde de tinta usado ainda nos põe a pensar nas vantagens da reciclagem de resíduos sólidos, a perguntarmo-nos a nós próprios porque é que nunca mais ouvimos falar da co-incineração e o que é que se estará a passar com o tratamento de resíduos em Portugal. Mesmo que saibamos a resposta: provavelmente nada.

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