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22.11.03

Vive le Portugal!

A nossa selecção de sub-21 (falo de futebol, que é uma das coisas que se fazem no mundo) venceu a da França.
Ou seja, a nossa miudagem é talentosa. Venceu uma excelente equipa de miúdos com classe.
A nossa selecção de sub-21 deixou para trás, em Clermond-Ferrand, um balneário danificado e, aparentemente, vandalizado.
Ou seja, a nossa miudagem é dada a excessos. Que devem corrigir-se. É fazer o favor de pagar os estragos e não repetir.

Uma verdade não invalida a outra.
Sem pretender desculpar a miudagem (nem os graúdos que lá estavam com eles), eu também ouvi os adeptos franceses urrarem, como urram sempre que jogam com portugueses (e outros “magrebinos” pouco bretões), “Portugais au chantier!”. Sim, era isto que gritavam. E já não é a primeira vez. Não é chauvinismo, é imbecilidade. Le Pen tem feito o seu papel de Portas em versão valsante “de Musette”.
Eles gostam de se sentir loiros e arianamente superiores enquanto apoiam a sua selecção de mulatos, que joga tão bem. Infelizmente, a França do futebol ainda não se entendeu com a sua realidade intestina: por cada Mexès, têm um Cissé. Por cada Petit têm um Zidane, um Henry, um Viltort. A França Toda sabe isto há muito tempo. Bela mistura (e problemática, mas as misturas são enriquecedoras desde que os “ingredientes” sejam de qualidade), a França Toda. Mas a França do futebol, a França “Pétain”, esforça-se por ignorar, bizarramente, esta verdade.

Sinceramente? Sem cenários alternativos? OK, eu digo. Sinceramente. Ainda bem que ganhámos à França, mesmo tendo arruinado, de forma exaustiva, o balneário. É mais honroso do que se tivéssemos perdido, esforçada e educadamente, com “les blonds bleus”, deixando um leve odor de calmíssima lavanda nos vestiários da nossa derrota.

Façam assim: “OK, desculpem, a gente paga os estragos, mas não nos chateiem!”

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